sábado, 19 de abril de 2014

Mesmo Que Ele Goste


Mesmo que ele goste de maiores riscos
Que pule do lugar que for mais alto
Que se comunique apenas com rabiscos
E que costume chegar só de assalto

Às vezes sorrateiro como um gato
Ou ainda mais feroz do que um cão
Um cavalheiro do mais fino trato
Ou um mendigo que estende a mão

Ele vem rindo todo debochado
Ele vem chorando de cabeça baixa
Com a cara fechada e zangado
Falando à todos o que ele acha

Mesmo que ele goste de só gostar
Ou isso é o que há de menos
Sem vem apenas me maltratar
E distribuir os seus venenos

De dia de noite de madrugada
Na hora que eu mesmo cismo
E do alto de qualquer escada
Me convida à pular num abismo

Me ensina à tentar ser honesto
Enquanto fala de roubar no jogo
Mostra que sou anjo e que não presto
E que na fogueira há muito fogo

Vem como se nascesse agora
E tivesse a idade do mundo
E pertencesse à ele toda a glória
Mas não passasse de um vagabundo

Ele vem com as suas mãos vazias
Mas são para poder me acariciar
É quase um sol nas manhãs frias
Que nem mesmo quero acordar

Mesmo que ele não goste do que bebo
Da cachaça que me põe para dormir
De braços abertos eu o recebo
Mesmo doendo sonho pode vir...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...