sábado, 12 de abril de 2014

Insaneana Brasileira Número 19 - O Enigma de Ortiz

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Um olho vazado e uma confusão dos diabos de números e datas. A cruz trouxe os pesadelos e os vai levar. Barro é a cor do mundo. E chuvas marcaram mais que inúmeros sóis. O resto é apenas umas fogueirinhas de mato seco e papel pegado. É uma grande procissão que segue adiante e o casaco atrapalha ou até não. Não deixem de assistir o programa pra depois me contar. Os azulejos brilham brancamente em um amarelo pálido que dá gosto de se ver. Era meu o tempo e a solidão brincou comigo o tempo todo. Uma sofreguidão danada por algo que era norte e sul ao mesmo tempo e que não deu em nada. São pesadelos quando muito e em outras eras distantes as cicatrizes eram grandes feridas abertas. Eis o filósofo com sua capa de cobertor e sonhos indescritíveis para se contar. A espada também brande entre rodopios de vento que fazem muito e mais ainda barulho. Cantemos quantas vezes forem necessárias e deixemos de lado uma amizade sólida com a gramática careta. Não há recursos e águas secam dos leitos dos rios e só uma lagoa imaginária de sonos maldormidos pode nos dar alento. Tudo foi e nada foi. Ficamos por aí estendidos no confortável e gelado sofá de inúmeros desenhos. Marte será invadido brevemente e na mercearia do português está em falta. Cambalhotas sim e piruetas também num grande pântano que até alguma vez deu medo. Olhem e olhem quantas vezes olharem com algum olho. Peçam e peçam desesperadamente aquilo que não pode ser atendido por vias normais de burocracia e jeito ternamente cruel. Não controlamos as palavras e elas se aproveitam disto e nos vão empurrando docemente ao abismo de superlativos e figuras mal arranjadas. A casa está assombrada por nossos próprios fantasmas e nem damos conta disso. A bebida chegou na boca antes do copo e não sei se isto entristece ou alegra mais. Atenda a porta porque lá fora não há ninguém chamando. O risco de fazer um mau riscado é exageradamente exagerado. Só se arrependa quando muito dos cinco minutos atrasados teimando em não ir. Na sala de espera fumamos nervosamente charutos cubanos e secamos as mãos e a testa no veludo mais caro. Ouça o que a letra da música diz e se esforce para não entender mais nada. O corregedor já corrigiu as coisas e tudo ficou mais facilmente enigmático. É isso que podemos fazer e falta outro qualquer tom. Não há outro socorro que um desprezo disfarçado em joviais conversas. Meio mundo está na nossa boca e o outro meio mundo acabou de cair no chão. As coisa todas importavam um dia e depois já não importam bem mais. É uma colheita feliz esse nosso jogo de dardos quando miramos ao alvo e acertamos nós mesmos. Quase todo pecado é perdoável à não ser que ferimos os sonhos sem querer ou não. É um luxo estes teus cabelos modificadamente insanos e esteticamente intolerados. Ouça bem esse silêncio quase todo o tempo e não diga mais nada...

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