Eu tenho medo do medo do medo
Todas as traições são iguaizinhas
Olhos de peixe morto e papeis amarelos
O tempo vai batucando na frigideira
Reuniões de família são engraçadas
Só se ganha dinheiro com absurdos
Os famosos cagam milhares de vezes
Eu escuto os vidros e olho os rádios
Farofas de dendê para os meus compadres
Transpiremos somente pelas nossas almas
Ser vulgar pode ser o que há de original
Fusca filho-da-puta buzinando mais cedinho
Ela agora só toma cachaça pelos ouvidos
Eram caixões de jornal para pobres peixes
O boss morreu de solenes nós nas tripas
Guardemos as mangas nas mangas da camisa
Desde que tudo seja perigoso é permitido
A beleza só existe enquanto é existente
Somos sobreviventes de nós mesmos sempre
São ereções involuntárias para os voluntários
Pedintes acabam pedindo o que não pedem
Hambúrguer de lontra é a nova sensação
Cachorrinhos-do-mato nem nunca latiram
Até a mediocridade pode ser muito genial
O pobre Caio quase caiu de boca na meleca
Eu tenho medo do medo do medo do medo...
(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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