segunda-feira, 1 de julho de 2024

FobiadaFobia

Eu tenho medo do medo do medo

Todas as traições são iguaizinhas

Olhos de peixe morto e papeis amarelos

O tempo vai batucando na frigideira

Reuniões de família são engraçadas

Só se ganha dinheiro com absurdos

Os famosos cagam milhares de vezes

Eu escuto os vidros e olho os rádios

Farofas de dendê para os meus compadres

Transpiremos somente pelas nossas almas

Ser vulgar pode ser o que há de original

Fusca filho-da-puta buzinando mais cedinho

Ela agora só toma cachaça pelos ouvidos

Eram caixões de jornal para pobres peixes

O boss morreu de solenes nós nas tripas

Guardemos as mangas nas mangas da camisa

Desde que tudo seja perigoso é permitido

A beleza só existe enquanto é existente

Somos sobreviventes de nós mesmos sempre

São ereções involuntárias para os voluntários

Pedintes acabam pedindo o que não pedem

Hambúrguer de lontra é a nova sensação

Cachorrinhos-do-mato nem nunca latiram

Até a mediocridade pode ser muito genial

O pobre Caio quase caiu de boca na meleca

Eu tenho medo do medo do medo do medo...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

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