quarta-feira, 17 de julho de 2024

Poema de Um Nada para O Nada

Nada faço, nada tenho,

Não sei o caminho que venho,

Não tenho relógio, não sei a hora,

Só sei que vim e que irei embora...


Não serei lembrado, não fui querido,

Sou um verso mal rimado, segredo esquecido...


Onde moro? Nesse triste mundo...

O que faço? Sou mais um vagabundo...

Soco as paredes para me ferir

E das minhas feridas o destino ri...


Não se lamentarão ou chorarão por mim,

Esse quintal baldio é o que chamo jardim...


Não possuo vontade, não tenho escolha,

Apenas cão danado, apenas uma folha,

Uma embalagem vazia jogada no lixo,

Menos do que uma coisa, menos que bicho...


Não esperava, chegou novo temporal,

Passeiam de mãos dadas o bem e o mal...


Nada faço, nada tenho,

Não sei o caminho que venho,

Não tenho relógio, não sei a hora,

Só sei que vim, estou indo embora...

 

(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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