É quando o dia?
Morrer ou não? Eis a questão!
Nem a lógica tem mais explicação...
Eu faço um brinde com cicuta
Dou um beijo na boca da puta
Me desespero na fila do pão
Eu faço gestos mais obscenos
Vou bebendo os meus venenos
Todo dia é um dia de cão...
Eu tenho um dia por orgasmo
Fico maluco e fico pasmo
Roendo unha de pé e mão
Eu babo a fronha e a camisa
Toda certeza é indecisa
Eu quebro pedras com a mão...
Danço xaxado feito um rei
Desaprendi o que não sei
Sem paraquedas no avião
Rimas tão fáceis e baratas
Eu me vendi por trinta pratas
Todo sofrimento foi em vão...
Como uma música mal cantada
Falta de graça mais engraçada
Vamos roer os ossos do barão
Rasgue essa merda dessa foto
Bata no poste com essa moto
Todo enterro é uma comemoração...
Foi sacanagem do meu destino
Trocar um velho pelo menino
Fumei mais um no pelotão
Sou como um piloto de fuga
Que corre menos que tartaruga
E mesmo assim sou campeão...
Vou me trancando no banheiro
O sexo dele vale dinheiro
Porque ele goza por aflição
Engula logo aquela mosca
Essa moda agora é tosca
Você caminha na escuridão...
Vá mentir pra puta que pariu
A casa cai e ninguém mais viu
Minha companhia é a solidão
Eu não sei mais nem o que quero
Só sei que este problema é severo
Quase precisa de extrema-unção...
É quando o dia?
Morrer ou não? Eis a questão...
Enquanto eu cato de grão em grão...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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