sábado, 20 de julho de 2024

É Quando O Dia?

É quando o dia?

Morrer ou não? Eis a questão!

Nem a lógica tem mais explicação...


Eu faço um brinde com cicuta

Dou um beijo na boca da puta

Me desespero na fila do pão

Eu faço gestos mais obscenos

Vou bebendo os meus venenos

Todo dia é um dia de cão...


Eu tenho um dia por orgasmo

Fico maluco e fico pasmo

Roendo unha de pé e mão

Eu babo a fronha e a camisa

Toda certeza é indecisa

Eu quebro pedras com a mão...


Danço xaxado feito um rei

Desaprendi o que não sei

Sem paraquedas no avião

Rimas tão fáceis e baratas

Eu me vendi por trinta pratas

Todo sofrimento foi em vão...


Como uma música mal cantada

Falta de graça mais engraçada

Vamos roer os ossos do barão

Rasgue essa merda dessa foto

Bata no poste com essa moto

Todo enterro é uma comemoração...


Foi sacanagem do meu destino

Trocar um velho pelo menino

Fumei mais um no pelotão

Sou como um piloto de fuga

Que corre menos que tartaruga

E mesmo assim sou campeão...


Vou me trancando no banheiro

O sexo dele vale dinheiro

Porque ele goza por aflição

Engula logo aquela mosca

Essa moda agora é tosca

Você caminha na escuridão...


Vá mentir pra puta que pariu

A casa cai e ninguém mais viu

Minha companhia é a solidão

Eu não sei mais nem o que quero

Só sei que este problema é severo

Quase precisa de extrema-unção...


É quando o dia?

Morrer ou não? Eis a questão...

Enquanto eu cato de grão em grão...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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