segunda-feira, 29 de julho de 2024

Pintura Irreal

Tudo é quase sempre igual

As sílabas contadas métrica medida

O diferente é quase normal

Um quase carinho uma quase ferida


Eu berro porque não erro porque acerto

Estou sozinho com o mundo sempre tão perto

As paredes estão todas cheias de grafites

E nunca sabemos quais são os seus limites


Tudo é quase sempre igual

Um inseto voando quase desnorteado

O diferente é mais um temporal

Que caiu no futuro de um verão passado


Eu berro porque não grito porque me calo

Estou sozinho no chão de estrelas bem no alto

Toda minha vida não foi mais que um intervalo

Um grande susto, uma tragédia veio de assalto


Tudo é quase sempre igual,

Só o pintor, sem tela, sem tintas, sem cor,

Somente uma pintura irreal...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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