Até o próximo susto,
Até as faces ficarem lívidas,
Com as mãos trêmulas,
Viverei ainda muitas vidas.
Até o próximo sonho,
Na hora da próxima desilusão,
Quando a tocaia der errado,
Quando implodir meu coração.
Quando ocorrer um desengano,
Quando acabar toda fascinação
E os olhos não mais enxergarem
Que começou uma nova estação.
Na próxima mentira dos tolos,
Num próximo dia de cão,
Na próxima palavra engolida,
Na mais súbita e calada solidão.
Eis o novo disparate cuspido,
Novo tiro sem ter direção,
Novas lâminas cortando o ar,
No caminho mais um tropeção.
Até o próximo susto,
Até as faces ficarem lívidas,
Com a descrença surgindo,
Viverei ainda muitas vidas...
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