Um real de pão
Um real de não
Um real de são
A miséria exclui opções de escolha
Ri da maioria e chora com poucos
A riqueza constrói para si uma bolha
Neste grande asilo cheio de loucos
Um real de pão
Um real de cão
Um real de vão
A justiça não justifica quase nada
O criminoso rico compra o advogado
O criminoso pobre entra na porrada
A razão acabou de escolher seu lado
Um real de pão
Um real de grão
Um real de mão
A covardia pode ter mais coragem
A mentira vive coberta de verdade
É um grande pesadelo esta imagem
Cartão postal dessa nossa cidade
Um real de pão
Um real de dão
Um real de tão
A pobreza anda com a roupa rasgada
A rua é sua mais verdadeira moradia
O preconceito transforma em nada
Qualquer coisa que seu valor teria
Um real de pão
Um real de não
Um real de chão...
(Extraído da obra "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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