Vale, não vale. Todos sonhos agradam, mesmo ferindo. Assim caminhemos para a direção deles, estando ou não machucados. Já é quase noite, mas são meus olhos que escurecem. A lua e as estrelas, além de milhares de pirilampos continuarão fazendo seu papel. As luzes da rua também guardam segredos e os bichos da noite ainda desfilam, mesmo se escondidos. Vele, não vele, menina bonita. De qualquer forma, o amanhã vai nascer...
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A menina embala sua boneca
Que acabou de fechar os olhos...
O menino olha para o céu
Onde sua pipa dança pelo ar...
O gato cochila ao sol
Expondo sua bela preguiça...
Um cão vadio abana o rabo
Satisfeito com quem passa...
Os passarinhos dão suas lições
De como se deve cantar...
Só nós, pobres infelizes,
Não temos noção do encanto de viver...
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Nem entradas, nem bandeiras, apenas um pacato sol que nos cobre. O que mais querer para esse domingo? Ainda alguns dormem, mas a maioria já acordou. Muitos hão de partir, muitos hão de chorar, outros irão se desesperar, mas haverá ainda alguma felicidade. Pássaros cantarão, flores se abrirão, não se importando da queda de milhares de folhas mortas. Enquanto muitos soldados guerreiam, os meninos brincarão. Vamos pedir que as bombas não caiam mais. Nem entradas, nem bandeiras, apenas domingo...
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Eu sou a própria poesia
Virei palavra
Mais nada...
Desapareci do mundo
Me isolei
Assim desse jeito...
Minhas janelas abertas
A porta fechada
O choro partiu...
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O próprio medo teve medo de tantas coisas... E quem não tem? Quem não carrega em si a incerteza, se dias sombrios não estão por vir e nos levar para longe? Para o longe e para o nada... Deixando para trás todas as esperanças que com muito custo juntamos... Não só a escuridão nos amedronta, a claridade também possui suas maldades, algumas até bem maiores. Disfarçamos e olhamos em outra direção e trememos. Isso em algo adiantará? Até o próprio medo teve medo de tantas coisas...
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Dança das horas
Todo o riso possível
Uma roda roda ao infinito
Nem sei onde pararemos
Mas nem eu quero
Esse velho há de rir
E brincar sim
Como todas as crianças...
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Eu não ri. Foi uma piada muito sem graça. O tempo passou, mas a mágoa continua a mesma. Há muito que é impossível evitar. Algumas delas são essas. Eu não tive culpa, não tive mesmo, juro por tudo que se pode jurar. Continuem rindo enquanto quiserem (ou puderem). Tudo tem seu fim...
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