Talvez com tanto tempo já corrido
ninguém mais o alcance
e para tudo o que aconteceu
uma cova rasa baste...
Eu sinto um rubor em minhas faces
apesar de estar tão frio...
Uma feira livre acontece aqui
e minha mente bambeia
como quem lá do alto
só aguarda cair finalmente...
Eu sou o pássaro infeliz
que esqueceu das asas para voar...
Que a boca fique fechada
que nem um cofre velho e enferrujado
com alguns muitos segredos
de que nada vão adiantar...
As estações acabam mudando
sem dar aviso algum...
Minha verdadeira e derradeira culpa
foi apenas ser humano
e cair de paraquedas
em cima de um campo minado...
Levanto os braços pedindo ajuda
mas essa ajuda nunca virá...
Pego papéis e faço cálculos
são muitos os meus planos
para uma felicidade talvez tardia
que nunca irá enfim acontecer...
Não é questão de pessimismo
é apenas questão de lógica...
Já atravessei por vários tempos
em que a maldade me visitou
como eram cruéis os moços
que nunca confessariam seus erros...
Tento falar novas palavras
mas os males continuam antigos...
Cansei-me de tentar ser o que não sou
usar máscaras que caem do rosto
colocar velhas fantasias rasgadas
que já não significam mais nada...
As cadeiras sumiram da calçada
pois o sossego foi embora com elas...
Eu sou apenas um reles sobrevivente
confessando os meus amores antigos
aqueles amores que ainda existem
mas que não aparecem mais na tela...
Nenhum comentário:
Postar um comentário