quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Poema Feito Confissão

Talvez com tanto tempo já corrido

ninguém mais o alcance

e para tudo o que aconteceu

uma cova rasa baste...

Eu sinto um rubor em minhas faces

apesar de estar tão frio...

Uma feira livre acontece aqui

e minha mente bambeia

como quem lá do alto

só aguarda cair finalmente...

Eu sou o pássaro infeliz

que esqueceu das asas para voar...

Que a boca fique fechada

que nem um cofre velho e enferrujado

com alguns muitos segredos

de que nada vão adiantar...

As estações acabam mudando

sem dar aviso algum...

Minha verdadeira e derradeira culpa

foi apenas ser humano

e cair de paraquedas

em cima de um campo minado...

Levanto os braços pedindo ajuda

mas essa ajuda nunca virá...

Pego papéis e faço cálculos

são muitos os meus planos

para uma felicidade talvez tardia

que nunca irá enfim acontecer...

Não é questão de pessimismo

é apenas questão de lógica...

Já atravessei por vários tempos

em que a maldade me visitou

como eram cruéis os moços

que nunca confessariam seus erros...

Tento falar novas palavras

mas os males continuam antigos...

Cansei-me de tentar ser o que não sou

usar máscaras que caem do rosto

colocar velhas fantasias rasgadas

que já não significam mais nada...

As cadeiras sumiram da calçada

pois o sossego foi embora com elas...

Eu sou apenas um reles sobrevivente

confessando os meus amores antigos

aqueles amores que ainda existem

mas que não aparecem mais na tela...

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