A cama forrada com um lençol verde
Nossos vícios convertidos em virtudes
Eu olho para o lado tentando disfarçar
E sentir um pouco menos o cheiro da podridão...
Todos os objetos desarrumados pelo quarto
Como se fosse o próprio mundo que temos
É o que tem para hoje, o que tem para agora
Crimes cometidos em todos os nuances possíveis...
Alguém que eu mal sei o nome dorme ao lado
Como se o sono adiantasse alguma coisa
Logo que acordarmos nossos fiéis pesadelos
Virão então tomar conta do nosso pobre tempo...
Mais uma morte e mais uma nova ideia
Sobre como será o nosso próximo espetáculo
Precisamos de palmas e precisamos de likes
Como os tarados que se masturbam compulsivamente...
Fazemos qualquer negócio ao alcance das mãos
Estalamos os dedos e a mágica então acontece
Bater de cara com a parede é a tarefa de casa
Sangrar nosso nariz é nossa mais fiel proposta...
Eu pagarei o michê com o dinheiro das compras
Cada um tem suas trinta moedas de prata
Não vamos mais esperar esperança nenhuma
Um grito quebrou todo o silêncio da madrugada...
Só posso sonhar com aquilo que não consigo
O meu bloco de sujo sai sambando pelas ruas daqui
Somos apenas cegos que afinal enxergam
Nossa mudez é expressa em veementes discursos...
Talvez ainda seja cedo demais e nem percebi
Vou tentar olhar para a parede e dormir mais um pouco...
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