sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 124

Desastres acontecem... Dependem apenas de hora e lugar... Sonhos morrem... Tudo depende de quais nuvens cairão... Também o amor pode nascer do mais improvável momento... Vou caminhando como quem não há outra alternativa... Sorrisos nascerão mesmo que sendo para poderem logo morrer... Sou o palhaço sem circo... A velha canção tocada de repente... O grito acordando a vizinhança...


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Quando era pequeno, fazia inúmeras façanhas que hoje sei seu verdadeiro tamanho. Eu conseguia fazer o riso chegar junto do choro, pouco me importava com possíveis detalhes. Eram detalhes mesmo... Só consigo me lembrar de infinitas ruas, infinitos dias talvez. E a mesma bicicleta com papai rodará, ou ainda, os autos que nunca mais vi...


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O cavalo disparou sem motivo aparente. Eram os percalços da jornada que apareciam. Eram sustos que mal cabiam no meu peito. Mas teriam que lá caber. O tempo se acelerou sem que alguém esperasse. Todos os relógios têm pressa. Nem tomam fôlego e nem querem descanso. Vamos ao menos comemorar. Estamos cansados, mas estamos vivos...


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Eis mais um café para mais uma manhã como todas as outras. Como um brinde para a rotina que não nos machuca tanto. Eu procuro alguma calma entre os meus guardados. Se tiver paciência acabarei encontrando. Foi assim entre outras tempestades que tive de caminhar. Chovia e muito. Mas consegui rir por alguns instantes. Eu mesmo acho graça do meu destino. Eis mais um café para mais uma manhã como todas as outras...


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Palmas para o carnaval que não houve, na avenida que está fechada. Para uma  folia feita de risco, onde o perigo está sempre presente. Nós temos a teimosia que nos atinge e mesmo assim não pensamos duas vezes. Somos os suicidas sem abismo e sem arma alguma. O nosso veneno é bem outro. É o veneno da tristeza que temos já há muito tempo. A solidão homeopática que nos atinge em cheio. Palmas para o carnaval que não houve, a folia do destino que acerta o tiro...


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Quero acomodar-me como quem deita numa cama de pregos e ainda sorri por conta disso. Qualquer espinho me fere menos do que a desilusão. Os cortes da solidão me abalam mais do que qualquer tiro achado por aí. A madrugada tem menos armadilhas do que estas. Eu sou a própria vítima de mim mesmo. Por que fui amar e sonhar?


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Sob temporais caminho até que meus ossos estejam encharcados. O frio pode ser intenso, mas nem ao menos ligo. As dores dos pés desapareceram, feridas são apenas detalhes. Minha respiração ofegante não me sufoca mais. Eu sou aquele que conseguiu engolir o próprio tempo de uma vez só. Muitos anos se passaram e eu nem percebi, agora já é muito tarde. Sou apenas mais um morto pelas tristes ruas desta cidade.


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