concreto aço poeira
tentar viver? besteira...
a vida passando ligeira
por onde? esteira...
tudo é uma feira
seu valor? a carteira...
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copos vazios em cima do balcão
temos certeza de alguma coisa?
alguma filosofia nos salvará?
muitos mártires nas fogueiras
e quase nada (?) mudou...
flores arrancadas por brincadeiras
haverá aqui algum pedaço do céu?
os homens se fantasiaram de santos
mas os demônios continuam...
só o tempo ensina a desilusão
e mostra tudo como realmente é
viva os bêbados os loucos
os velhos e as crianças...
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eu vejo as marés
um sobe-e-desce sem fim...
assim somos nós...
rimos e choramos
choramos e rimos...
até quando a nossa lua termine
e aí não teremos mais...
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Eu era aquele menino...
Ia para o sítio vazio brincar...
Fazia ele maior que o mundo...
Olhava com medo o túmulo
do pequinês que fizeram no jardim...
Tomei um susto
com a cobra que vi lá em cima...
Olhava com inocência
Dalila só de calcinhas
ela gostava de ficar assim...
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alguns segredos estão mais evidentes
por isso, não conseguimos ver...
tudo passou, menos certas memórias...
eu não sou Bukowski e nem serei...
seu sucesso marginal
não é o meu e nunca será...
agora, se perguntar qual o mais triste
de todos os poetas, esse sou eu...
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os bobos riem, os poetas choram
mas tudo no mesmo palco
um palco onde a plateia está vazia
todos somos atores...
cada um que apresente seu drama
exponha seus erros
e peça interminável perdão por eles...
quem sabe o carrasco tire folga?
há tanta sujeira sob os tapetes...
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Nestes bolsos do velho paletó
há relíquias sem preço...
Carnavais passados cheios de alegria
que há muito não tenho,
Esperanças mortas e ressequidas
como folhas ou pássaros,
Razões para viver enquanto der
mesmo sabendo que o tempo está pouco...
Nestes bolsos do velho paletó
escondi-me de mim mesmo...
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