domingo, 20 de fevereiro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 127


Luto e luta,

festejo, enterro,

versos desperdiçados

em eternas contradições...

O herói de repente

se transformou em vilão...

Inverteram-se os papéis

do médico e do monstro...

Talvez seja assim,

quanto mais saudade, melhor...


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Não escolhi,

não há paraísos onde fugir,

nem satisfação garantida

ou alguma devolução...

A sorte desconhece meu endereço,

a solidão sabe de cor,

o desamor de vez em quando me visita...

Qualquer dia desses

eu tranco a porta

e jogo a chave fora...


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A menina tímida 

sonhava com todas as cores do mundo,

queria poder tê-las todas dentro de si...

O menino risonho

queria todos os sons possíveis

dentro de sua alma...

O poeta triste

acabou engolindo todos os versos

e faz que eles saiam de um em um...


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Sou cavaleiro de tantas águas

que já me esqueci de várias delas...

Sou autor de tantos absurdos

que até me admiro deles...

O medo acompanhou-me 

para todos abismos que fui...

Usei tantas fantasias

e agora não sei mais quem sou...

Amigo de tantas nuvens

vago pelos céus quase sempre...

Dormi noite passada 

entre as flores de um jardim...

Sou cavaleiro de tantas águas

que já me esqueci de várias delas...


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Minha mãe desenhava sóis na areia molhada,

eles deveriam estar sorrindo,

para que lá em cima, bem atrás das nuvens,

o sol pensasse que era sua imagem no espelho

e voltasse acabando com a chuva...

Meu pai me colocava ao seu lado,

no antigo automóvel preto,

íamos então passear gostando de passar

por aquelas ruas tão antigas

cheias de um silêncio quase solene...

Eu ficava ao lado do meu pé de laranja

que residia no antigo e pequeno jardim,

esperando por tantos e tantos sonhos,

que teimavam em nunca chegar

e que eu pensava estarem à caminho...


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Quase nua, 

bem na rua,

é a lua...

É a noite  guiando meus passos de vagabundo,

andando e andado por aí, pelo mundo...

Quase tal,

minha nau,

tão igual...

Os meus sonhos estão me perseguindo,

como aparições vão surgindo...

Faltam-me notas para minha canção,

me causando quase uma aflição...


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Olho para mim, dispenso espelhos,

o que eu sinto é o suficiente,

os medos até me ajudam,

para que possa me sentir gente,

até  determinadas tristezas,

podem me fazer contente...


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