Acabei me tornando um sujeito estranho. Prefiro andar no meio das estradas, não mais por um lado ou outro. Perdi o medo da morte, mas não a desejo. Gosto de escutar músicas não muito altas, nem muito baixas. Quero agora a tranquilidade de rios que correm pouco, mas assim como os caudalosos, um dia também chegarão ao mesmo mar...
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Deleite, enfeite. Tudo acaba resultando em certa dose de alguma tristeza. Todas as festas foram feitas para terminar. As fogueiras serão apagadas. Uma hora ou outra, a chuva cairá. Nem sempre o sol cumpre seus horários, mas as noites possuem o maior zelo possível. Meus cabelos estão brancos, mas não desejo pintá-los...
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Pequena nuvem que quer cair...
Que caia!
Venha com pressa ou devagar...
Mire acordando ao cachorro vadio
que dorme despreocupado,
Ou fazendo o casal de namorados
procurar abrigo sob uma árvore,
Ou fazendo o vendedor de sorvetes
procurar alguma marquise,
Ou então molhe as rosas
que tanto precisam disso...
Pequena nuvem que quer cair...
Que caia!
Só não adianta querer molhar meu rosto,
as lágrimas sempre fazem isso...
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Sou banal como qualquer um,
banal até demais,
aliás, sou banalíssimo...
Um poeta, célebre desconhecido,
usando obviedades em suas rimas,
português mal escrito,
construções tipo favelas,
na primeira tempestade dos críticos
tudo acaba caindo, tragédia...
Um poeta cheio de medos,
medo de me tornar um burguês,
apenas mais um canalha,
um dos que viveram sem motivo
e morreram pior ainda...
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São vários os tombos que temos,
vários acidentes inesperados,
quando vemos, tudo aconteceu,
não há mais salvação,
nenhuma tábua sobrou da nau,
está agora escurecendo,
monstros poderão aparecer,
não desejo a normalidade dos vivos-mortos...
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Mais nada,
talvez apenas um rastro na areia...
Isso já basta,
são os dias que vivi
e agora mortos estão...
Uma folha caída,
um pequeno detalhe,
uma outra pedra,
alguma novidade
que antes não existia...
Tudo, de certa forma,
é uma novidade,
até algumas antiguidades
dependendo de nossa lembrança...
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O trono está vago. O lençol que cobre cama, desarrumado. Os travesseiros fora do lugar. Acordei querendo permanecer inconsciente, no mundo dos sonhos, mesmo que fossem pesadelos, estou mais do que acostumado. O álcool ainda faz efeito. Continuo o mesmo menino mal educado e sem modos, faz parte do caminho que segui até os dias de hoje. Aprendi poucas coisas, chorar é uma delas. Outra é contar histórias com algum interesse. Fora o perigoso vício de fazer versos pedindo socorro.
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