terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 128

Eu encho meus pulmões da fuligem do dia, é mais uma simples comédia. Meus ouvidos são invadidos pelos gritos dos carros, tão desesperados estão. Como se acostumar com o normal quando ele não é normal? Eu peço mais uma dose de veneno no bar, pode ser que um outro mal invada meu corpo. Nossas almas já estão há muito invadidas, são essas maldades que tentamos justificar. Como ganhar uma corrida que inexiste num jogo de regras sujas? Eu faço uma oração enquanto Deus tapa os ouvidos, é um menino que finge cantar disfarçando enquanto olha para o outro lado. Eu não passo de um complicado quebra-cabeças, só no final notarei que sempre faltaram algumas peças. Todos nós viemos com defeito de fábrica? Eu encho meus olhos de saudades que não possuem cura...


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Qualquer dia desses eu me revolto... Rasgo a roupa que comprei em homeopáticas prestações que me atrapalham de qualquer forma minha vida miserável de assalariado idiota. Muitas modas já passaram, essa também passará... Qualquer dia desses eu me iro... Grito todos os meus segredos em praça pública para que todos ouçam sem sentir um pingo de pena de mim. Já existe tanta apatia nesse mundo, mais uma não fará muita diferença... Qualquer dia desse eu viro nuvem... Não quero mais pisar no chão e quando pisar irei me esconder entre outras águas até poder subir novamente. As pessoas de nada aproveitam e só se degladiam...


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Fechei o caderno, quebrei o lápis, joguei fora a caneta. Agora serei apenas um andarilho das palavras, não vou escolhê-las, elas que agora me escolherão. Farão de mim o que quiserem. O tempo sempre cansa, estou cansado. Cansado até de uma fé que não leva para lugar nenhum...


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Fomos o que fomos, opressores ou oprimidos. O tempo já passou, mas as marcas continuam, feridas profundas demais. A cura? Só a morte resolve determinadas questões. Não há inocência nos moços, somos apenas canalhas de cara bonita. Tudo o que temos de ruim nesse mundo é nosso, a podridão foi espalhada por nós, assim como os que vieram antes também o fizeram. Toda história é um círculo vicioso, um dia o mundo aprenderá isso da pior forma possível...


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Sonho cego,

música triste,

o coração tem apenas um pedaço,

sobrevivente...

Vamos bailar sobre os escombros

de nós mesmos...

Sonhar o amor 

que nunca tivemos e nem teremos...

Eu calo a boca num canto,

apenas um pássaro ferido,

a pedra do destino atingiu-me

em cheio... 

Mortos os sonhos,

só sobraram muitas cicatrizes...


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O carro colidiu,

O carro da nossa história

Onde viajavam nossos sonhos...

O prédio caiu,

O prédio de nossos desejos

Que nunca satisfaremos...

O espelho quebrou,

Não posso ver o choro

Que me acompanha sempre...


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Fiz tudo o que podia,

tentei fazer uma escada

que subisse aos céus...

Fui até a exaustão,

por amor (ou desamor?)

que não valeu a pena...

Tentei ser mais humano,

mas a minha maldade

não me deixou...


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