terça-feira, 8 de setembro de 2020

Lua Louca

Lua cheia – Wikipédia, a enciclopédia livre
lua nua
lua rua
minh'alma ainda é tua...

num lençol de passado cobria-me das moscas
a minha inocência contribuía com ideias toscas
de límpidas as minhas lentes se tornaram foscas
eu sangrava até não sobrar mais nenhuma gota
nasceu a paixão e eu não sei se garoto ou garota...

lua nua
lua rua
a realidade é crua...

num espelho pude fitar todos os profundos abismos
eu suportei a dor com o maior dos meus cinismos
sem ter equilíbrio tive que fazer muitos malabarismos
ando tão esquecido que monto no cavalo sem sela
a vida é uma grande mentira bem pior que a novela...

lua nua
lua rua
e o espetáculo continua...

apertei o gatilho e dei cem tiros de uma só vez
qualquer pesadelo não é pior do que o fim de mês
o sim nos salva o não nos mata e tortura o talvez
ter um prato de comida agora merece uma reza
a virtude acabou tudo agora vale quanto pesa...

lua nua
lua rua
é tudo uma grande falcatrua...

um zumbi deve ser mais bem consciente do que eu
perdi a razão assim como a noite perdeu seu breu
somos a comida das feras nesse moderno Coliseu
esperamos castigos um pouco bem mais amenos
enquanto nos preparam os mais sutis dos venenos...

lua nua
lua rua
o palco vazio ninguém atua...

existe um novo tipo de morte em cada uma esquina
cada um pede sua esmola com a vasilha de margarina
se tenho que me afogar que seja ao menos na piscina
eu não fiquei louco agora porque louco eu já nasci
só consigo acreditar nas coisas que eu nunca vi...

lua nua
lua rua
minh'alma ainda é tua...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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