A maldade me dá nojo, me dá sim.
Como um cheiro que todos gostam,
Mas eu não - o cheiro do jasmim...
A tristeza tem senso de humor, tem sim.
Como um brincalhão de mau -gosto,
Chega e acaba pregando peças em mim...
.............................................................................................................
Voa, tendo asas ou não
Sobrevive, estando vivo ou morto
Percorre terras, ainda que em repouso
Grita alto, mesmo estando em silêncio
Fala todas as línguas, não sabendo uma palavra
Não tem uma moeda, mas é o mais rico de todos
Pula no abismo, assim mesmo acaba sobrevivendo
O amor e o sonho serão irmãos gêmeos?
...............................................................................................................
Quase tudo quase nada
Apenas litania de escassos segundos
Onde perdi meu frio
Mas eu estava acompanhado com ele
Tantos e tão planos
Num novo idioma que só meu coração
Requentar palavras
Para que o abismo seja um pouco menor...
...............................................................................................................
O balão subiu sozinho
Sozinho subiu o balão
Vai para a estrelas! Vai!
A saudade saiu do ninho
Do ninho saiu a saudade
Foge saudade! Foge logo!
O amor caiu por terra
Por terra caiu o amor
Caiu e se quebrou! Quebrou!...
...............................................................................................................
Malditas cercas de arame...
Que acabam me ferindo
Toda vez que tento atravessar
Onde vai dar essa estrada?
Numa aldeia? Ou em um reino?
Tomara que seja um lugar grande!
Para compensar esse longo silêncio...
..............................................................................................................
A lógica eu perdi quase aqui
O sonho caiu bem adiante
Toda minha exatidão hesita
Emparedadas as palavras
Como num crime tão qualquer
Hoje nem pão nós temos
Só a água dos mais óbvios prantos
...............................................................................................................
Ela foi mais que amor impossível
E eu fui um cachorro morto chutado
Mesmo assim as moscas voltaram
O calor só existe quando não precisa
A dor está para lembrar os tombos
O acaso tem pontaria mais certeira
E os freios faltaram na hora exata...
...............................................................................................................
A bailarina acabou se cansando
O poeta está odiando todos versos
A poeira tentou engolir as vitrines
O diário da morte é um dicionário
Acabou minha pressa de partir
Só o cais agora sabe toda história...
Nenhum comentário:
Postar um comentário