Deste quarto sujo e mal arrumado
Não me falem de um tal feliz futuro
Porque até o presente já está passado
Para ser poeta precisa-se de dinheiro
Mesmo escrevendo frases de banheiro
Não estampem sorrisos em suas caras
O sorriso da maldade é mau igual ela
Não esqueçam da nova tragédia do dia
Enquanto o sol vai invadindo sua janela
Para ser poeta precisa-se da mídia
Mesmo quando isso é simples perfídia
Não coloquem a TV no último volume
Porque temos nosso sono muito leve
Há muitas noites que estou insone
E o nosso sono nem nos visitar atreve
Para ser poeta precisa-se ser canalha
Que seja desonesto e ganhe a batalha
Não se importem com as minhas feridas
O mundo hoje morre aos poucos com apatia
Assim como todo mundo também morrerá
Mas ninguém sabe ao certo qual dia
Para ser poeta precisa ser como suicida
Beijar a morte enquanto namora a vida...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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