A carne que não era
Nove meses de espera
Carne que chora
Carne que demora
Demora e acaba que não
Tem medo e tem paixão...
A carne que não era
Vivendo nessa tal esfera
Carne que luta
Tão insensível e bruta
Nem sabe qual a canção
Tem medo e tem ilusão...
A carne que não era
Eis a civilizada fera
Carne para o abate
Que apanha ou bate
Que tem e não tem tesão
Tem medo e escuridão...
A carne que não era
Refeição para a quimera
Carne que é carne só
Matéria e sangue que vira pó
Matéria sem explicação
Tem medo e compulsão...
A carne que não era
Algum tempo e já era...
(Extraído do livro "Águas de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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