Coloque numa panela
Todos os gostos e todas novidades
(Novas novidades ou antigas)
Leve ao fogo brando
E depois de alguns minutos
Teremos uma porção plena
Da humana mediocridade
De todos os tempos...
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Eu não tenho verdades...
Até fujo delas!
Mas as feridas doem
E doem muito mesmo
E meu tempo é curto
Para poder enganar-me...
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Poetas cospem estrelas
Poetas vomitam sonhos
Sentam o rabo nas nuvens
Transformam insignificâncias
Em grandes eternidades
Como um deus furioso
Ou um demônio amigo...
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E a multidão histérica de esfomeados
Vibra pelo resultado do campeonato
Delira com o final da novela
Goza com a fortuna do reality show
Baba com as mentiras do sistema
Caga em cima dos valores humanos
Silencia e vai para o abate
Os abutres agradecem...
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Todas as quimeras atacaram-me
E isto de uma vez só...
Quando acreditei que sonhos
Poderiam ser realizados...
Quando acreditei piamente
Que humanos poderiam ser bons...
Quando acreditei na mudança
Em que o mundo poderia ser feliz...
Todas as quimeras atacaram-me
E acabei sucumbindo...
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Tem horas que estou no céu
Tem horas que estou lá não
Às vezes voo ao léu
Em outras na escuridão
Na boca sabor de mel
Amargo no coração
Tem horas que estou no céu
Tem horas que estou lá não...
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Finais felizes que não tive
Eram apenas só finais...
Amores que não tive
Nunca podemos tê-los...
Sonhos que me feriram
Todos eles acabam ferindo...
Eu mesmo sou meu paradoxo
E não há saída para isso...
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As recordações são papéis
Que acabaram amarelando
E a escrita acabou se apagando
O tempo não tem culpa de tão coisa
É sua tarefa comer todas as pedras
Para que virem grãozinhos de areia
Fazer que os versos sejam esquecidos
E que mais nada sobre
Nem a morte sobra em suas mãos...
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