O poeta roubou sua própria alma
Colocou-a no bolso e saiu por aí
Pobre poeta desastrado!
Não viu que ela caiu de um bolso furado...
Ainda bem que alguns passarinhos
Acabaram pegando e levando para outros céus...
...............................................................................................................
Talvez meu coração de passarinho
Em algum tempo possa mais não bater
E eu parta como vim - triste e sozinho
Como qualquer um não vá querer
Talvez seja uma lâmpada que queime
Sem ao menos querer assim avisar
E mesmo que a vida teime e teime
Mas a morte venha ocupar o seu lugar...
...............................................................................................................
Me perdi no tempo
Não há controle dos dias
Eles passam e nem comprimentos
Estejam tristes ou com alegrias
Existe tanta fome!
Existe tanta sede...
Enquanto muitos caminham
Outros descansam na rede
...............................................................................................................
Eu acho que sou poeta
Devo ser sim...
Quando estou triste
Ou nas poucas vezes que não estou
Tento expressar isso com palavras
Mesmo que isso falhe
Ou ninguém acabe lendo...
...............................................................................................................
Tantas canções existem...
Outras estão num cemitério...
Tantos sorrisos morreram...
Outros jazem pelo asfalto...
Há palavras por mim desconhecidas...
Assim como eu mesmo me desconheço...
...............................................................................................................
Essa menina brinda com Coca-Cola!
Esse menino acende mais um cigarro!
Nada mais teremos que fazer
Enquanto o coração ainda pulsa
E a fábrica dos pulmões funcione até a pane...
...............................................................................................................
Tu viu? Eu não...
Viu nuvens dançarem tango?
Viu a praça gargalhar sem medida?
Viu mortos levantarem para o último adeus?
Viu guerras cessarem por simples vergonha?
Viu burgueses confessarem seus erros?
Viu as pedras tropeçarem em si mesmas?
Tu viu? Eu não...
Nenhum comentário:
Postar um comentário