quinta-feira, 16 de junho de 2022

Pão com Mortadela & Outros Requintes

Vertigens eu tenho de sobra pra dar e vender

Bebo da minha fantasia até ficar inconsciente

Meu cartão de crédito me ofende ao máximo

Eu sou aquele que o tempo já faz tempo esqueceu

Estou numa velha gaveta que não é túmulo

Porque os túmulos pelo menos tem propósito

Mesmo que seja esquecimento e abandono

Eu sou o pedaço de pão mordido e jogado fora

A pergunta deixada de lado pelo seu absurdo

O brinquedo que veio defeituoso e jogaram no lixo

A folha que cumpriu seu papel e caiu no chão

A rua está deserta e silenciosa sem testemunha

Para meu suicídio sem morrer ao menos

Os que sofrem podem me entender um pouco mais

Por que deveria gritar no meio de nada?

Nem os pombos fogem quando me aproximo

Asfixia moderna essa que agora me aflige

Estou morrendo afogado fora da água

Aviões cegos e covardes agora erram o alvo

E os tolos passam suas lições de casa

Eis os ossos que não são mais os nossos

Acabou de acabar e foi bem no final

Não tem chorare ou outra marmelada

Agora os melhores são os piores

Vamos entrar nas míticas filas inexistentes

De um sabor agora inexistente e acabado

Assim como já teve tem para todos nós

A vida não sabe pentear meus cabelos

Mas a ternura salvou minha alma...


(Extraído do  livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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