Quero repetir determinadas cenas
Até que chegue a exaustão
Eu toco gaita em um filme americano
Andando por desertos que nunca andarei
Sou o primeiro a bater palmas
Para algumas fingidas tragédias
Como o menino malcriado
Que inventa nomes feios
Faça chuva ou faça chuva
Cometo sacrilégios sem querer
Batendo em assombradas portas
Que nunca mais se abrirão
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Selva Catarina
Motivo de motivo nenhum pra ser menino
Fogueiras absortas
Em noites quase que frias
Onde as sombras também sabiam dançar
A rampa é certa papai que fez
A árvore amiga
Centenas de incertos tiros
E muitos risos que esqueci
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No meu canto observo o que posso
Detalhes tentaram fugir e não conseguiram
Eu os agarrei habilmente e os guardei
Para servirem por toda a eternidade
Uma eternidade tão fluida
Uma eternidade tão água
Mesmo que apresente perigos
Como só o mar é à noite
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Um carro na contramão
Palavras diluídas que quase nem sei
Tudo forma um silêncio barulhento
Até o próprio existir pode ser assim
Eu faço danças da chuva
E confecciono cocares de antes
Deixo que outro menino envelhecido
Atire primeiro e acerte o alvo
Muitas árvores ainda sobrevivem
Enquanto eternidades dizem seu nome
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Foi um sacrilégio que cometi
Não tive a intenção
Mas acabou acontecendo
Percorri as nuvens tal um chão
Observando cada detalhe
Lá de cima vemos a verdade
Que tudo é tão pequeno
E mais mesquinho ainda
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Nada contra os que sorriem enquanto choro
Muito menos contra os que teimam
Por uma alegria que eu mesmo duvido
Não queria que fosse assim
Mas a seriedade invadiu-me o rosto
Parecendo um réquiem para durar
Inúmeras e inúmeras eternidades
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Quanto mais ando, mais ando
Toda a obviedade há de me perseguir
Pouco me restou de frases bonitas
E algum chão que eu queria
Todos os rios secaram e os céus também
Eu seguro uma flor de plásticos nas mãos
E enquanto o suor molha meus dedos
Rezo uma prece sem palavras
Não pedindo absolutamente nada
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