sábado, 11 de junho de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 169

Quero repetir determinadas cenas

Até que chegue a exaustão

Eu toco gaita em um filme americano

Andando por desertos que nunca andarei


Sou o primeiro a bater palmas

Para algumas fingidas tragédias

Como o menino malcriado

Que inventa nomes feios


Faça chuva ou faça chuva

Cometo sacrilégios sem querer

Batendo em assombradas portas

Que nunca mais se abrirão


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Selva Catarina

Motivo de motivo nenhum pra ser menino

Fogueiras absortas

Em noites quase que frias

Onde as sombras também sabiam dançar

A rampa é certa papai que fez

A árvore amiga

Centenas de incertos tiros

E muitos risos que esqueci


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No meu canto observo o que posso

Detalhes tentaram fugir e não conseguiram

Eu os agarrei habilmente e os guardei

Para servirem por toda a eternidade

Uma eternidade tão fluida

Uma eternidade tão água

Mesmo que apresente perigos

Como só o mar é à noite


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Um carro na contramão

Palavras diluídas que quase nem sei

Tudo forma um silêncio barulhento

Até o próprio existir pode ser assim

Eu faço danças da chuva

E confecciono cocares de antes

Deixo que outro menino envelhecido

Atire primeiro e acerte o alvo

Muitas árvores ainda sobrevivem

Enquanto eternidades dizem seu nome


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Foi um sacrilégio que cometi

Não tive a intenção

Mas acabou acontecendo

Percorri as nuvens tal um chão

Observando cada detalhe

Lá de cima vemos a verdade

Que tudo é tão pequeno

E mais mesquinho ainda


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Nada contra os que sorriem enquanto choro

Muito menos contra os que teimam

Por uma alegria que eu mesmo duvido

Não queria que fosse assim

Mas a seriedade invadiu-me o rosto

Parecendo um réquiem para durar

Inúmeras e inúmeras eternidades


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Quanto mais ando, mais ando

Toda a obviedade há de me perseguir

Pouco me restou de frases bonitas

E algum chão que eu queria

Todos os rios secaram e os céus também

Eu seguro uma flor de plásticos nas mãos

E enquanto o suor molha meus dedos

Rezo uma prece sem palavras

Não pedindo absolutamente nada


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