sábado, 25 de junho de 2022

Aos Vencedores As Baratas

 

Uma valsa vienense em ritmo de samba

Copos americanos mal lavados com a purinha

Moscas voando por todos os cantos

Tonteando com a fumaça de mata-ratos

Oriundos de maços agora amassados...

Passos cambaleantes pelo lixo discreto

Enquanto uma louca profere maldições

Tudo está bem porque mal está...

A velha televisão de tubo mente 

Trazendo frivolidades que fazem chorar

Enquanto os políticos prometem loucuras

E a morte cumpre religiosamente seu papel

Me dá um pé de galinha aí? Esse não, aquele

Manda mais uma também e capricha

Vou no enterro do corno do meu vizinho

O cara morreu de enfarte fulminante

Um fodido, assinei até a lista dele...

O banheiro é mais um santuário

Onde o incenso é apenas amônia

Mas olhem que interessante!

Alguém cagou e fez hieróglifos com a merda

As pontas dos dedos escreveram nas paredes...

O chiclete mascado na boca da adolescente

Com os dentes repletos de cáries...

Todas as vitrines estão lotadas 

São tristes manequins em sua imobilidade - nós...

Uma esmola para o cego sentado na esquina

Enquanto bombardeios acontecem no exterior

E promessas vãs são solenemente seladas...

Não temos lado algum que nos pertença

Os perdedores estão em todos eles

Todos os finais imprevisíveis são óbvios...

As baratas passeiam entre quase tudo

E o gato mais esperto ficará com elas...

Aos vencedores as baratas...

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