terça-feira, 14 de junho de 2022

Isto É

Um espinho atravessado na garganta feito faca, eu sou o alvo, não escapei. O veneno do silêncio angustiado envenenou-me o máximo possível e nenhum remédio poderá curar-me. Tarde demais...

Eu cambaleio...

O que houve, senhor?

Não houve nada...

Tropecei numa malvada pedra, fui direto ao chão, sinto o sangue em minha boca e meus joelhos arderem. Aonde estavam minhas asas quando tanto precisei delas? Poderia ter voado para bem longe...

Deixe-me ajudá-lo.

Não foi nada,

Apenas uma vertigem...

Um zumbido incômodo bloqueia os outros sons do ouvidos, parece que estou em um carrossel desgovernado. Milhares de rostos surgem na minha mente. O problema é que são dos que já foram embora...

Não quer ajuda?

Já disse que estou bem,

Isso logo passa...

Todas as cores transformaram-se num cinza totalmente pálido, não existe mais o azul que eu tanto gostava. Pedra por pedra os castelos dos meus sonhos vão caindo. Eram de areia e o mar chegou até eles e eu não sabia...

O senhor está pálido.

É impressão sua,

Isso passa logo...

Não sei se isso passará ou não, só sei que ainda estou vivo, apesar dos palpites em contrário. Viver ou não são coisas idênticas, vai tudo de acordo com a vontade do freguês. Os poetas, por exemplo, não conseguem morrer...

Então vou embora...

Pode ir, sou grato,

Vai com Deus... 

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