terça-feira, 14 de junho de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 171

 

Um frio. Dentro e fora. Eu sou o dono de tantas ruas que já me esqueci de muitas delas. Tudo passou, tudo passa, tudo passará, falem os poetas o que falarem. Declamações solenes como é de praxe. A fama e o anonimato brincam de esconde-esconde. Finos traços e algum talento. Mesmo que as tolices se entrarem e permaneçam. Detalhes perceptíveis e dignos de algum aplauso. Até o mutável acaba tendo uma chance. Tudo deixa sua marca, mesmo as invisíveis. Vou aprender um novo idioma, só eu o saberei. A lâmina nem sempre corta, mas brilha sempre. Eu mesmo protagonizo minhas gregas tragédias. Sou vento e mar, todas as nuvens também.

...............................................................................................................

Quanto é? Talvez a encenação espante o tédio, esse velho machucado que nenhum antibiótico sara. Quanto é? Esse beijo sem alma que pode me doer menos que qualquer desamor imprevisto. Quanto é? Esse cinismo que me promete o óbvio, este falado num idioma desconhecido. Quanto é? Esse prêmio pelo qual não disputei, esse gosto pré-fabricado em série. Quanto é? Esse ato mecânico fantasiado de ternura, esse prato que escolhi para comer antes que esfrie. Quanto é? Quanto é o seu programa?...

...............................................................................................................

Toda tragédia
tem um quê de comédia,
Toda comédia
tem um quê de tragédia...
E assim vamos desnorteados, vestidos e pelados, cientes e doentes, nesse quartinho imundo chamado mundo...
Todo drama
pede um pedaço de fama,
Toda fama
pede um pedaço de drama...
Entendemos e nunca compreendemos, parados correndo, vivos e sempre morrendo...
Toda história
falta um pedaço de memória,
Toda memória 
falta um pedaço de história...

...............................................................................................................

- Onde é?
- Em qualquer lugar possível!
- Quando?
- No tempo que existir...
- É possível?
- E para ele existe impossibilidade?
- É perigoso?
- Claro, tudo tem seu perigo, sobretudo ele.
- Como podemos evitá-lo?
- Está debochando?
- Ele acaba?
- Às vezes sim, mas também pode se transformar feito um camaleão.
- E tem presas?
- Sempre tem.
- E usa armadilhas?
- Todas elas...
- O amor é assim mesmo...
- Sim...

...............................................................................................................

Toda distância inexata
E o perto o mais longe possível
Impede coisas simples
Um olhar direto
Uma palavra dirigida
Um consolo para quem já morreu
Mesmo estando ainda vivo...

...............................................................................................................

Quero o impossível
O improvável
Que seja insólito
Absurdamente absurdo
E riso suficiente na minha cara
Para poder dizer cinicamente:
E daí?

...............................................................................................................

Doem os olhos...
A alma dói mais...
Os pés fraquejam...
A minha paixão em dobro...
Acharei o caminho dos pássaros
Por entre as nuvens?...
Não tenho mais inocência alguma
Nem nos versos que exponho...

...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...