Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
quinta-feira, 30 de junho de 2022
Simples Assim
Cada Dia É Um Besouro Que Escapa das Mãos
Assim que meio sujo
Das carpideiras malpagas...
Não há morenas para chorar por mim e nem aviões que desapareçam em fatídicos triângulos, mineiros ou não. Eu desperto aos dias com o meu fraco tem que conto aos poucos...
Um pobre cão uiva
Em quaisquer manhãs
E os bem-te-vis não se importam...
Ninguém sabe como será o gosto do café, podem haver falhas de percurso imprevisíveis. Só ficaremos surpresos se não houverem mais surpresas...
O meu sono me hipnotiza
E tira coelhos da cartola
Que afinal nunca tive...
Para explicar determinadas coisas não precisamos explicar quase nada, bastam alguns gestos. Imagino um outro céu que nem os loucos concebem...
Sua nudez não impressiona
O comum tomou seu lugar
E agora é tarde demais...
Cada dia é um besouro que escapou de minhas mãos, voou pesadamente com suas asas de discreta cor pesada. O segredo do faraó está bem guardado, mas sua alma não...
Meus olhos andam cheios
Não sei se de nada
Ou muitas águas salgadas...
A minha emoção engoliu à si própria, não seria mais motivo de riso algum de malvados. A peça ainda não terminou, mas o homem da cortina tem lá sua pressa...
O carro da propaganda passa
E o cara que fala nele
Parece rezar ou então gemer...
Olho para os meus pés, acabo enxergando velhos estranhos conhecidos. Músicas antigas podem até consolar meu coração, isso se eu ainda tivesse algum...
Eu vejo tortamente o choro
Assim que meio sujo
Das carpideiras malpagas...
quarta-feira, 29 de junho de 2022
Alguns Poemetos Sem Nome N° 177
terça-feira, 28 de junho de 2022
Eternidade No Bolso
Na cena (i)móvel de um espaço infinito
Deliro sem delírio algum frequentemente
Não sei se virei estrela ou se verme
Mas a eternidade está em meu bolso
Eternas lembranças mesmo as esquecidas
Que mesmo assim marcaram e muito
Na rua passam figuras conhecidas e inéditas
E a minha contradição pula alegremente
São fogueiras, senhor, são fogueiras!
Estrelas que vieram passear cá embaixo
E que subirão fumaçamente aos poucos
Sinto então um frio paranormal
Com alguns tons de cor que desconheço
Talvez da superfície de estranhas águas
Que me perseguem pelos meus maldormidos sonos
O menino permanece em solene vigia
E seus olhos tortos ainda servem
Tudo muda e mesmo assim nada muda
O meu nascimento será minha morte
Assim como meu prazer um pouco de dor
Tudo permanece e mesmo assim tudo muda
Um dia fui herói e hoje sou o vilão
Velhas esfinges decoram a cristaleira
Entre outros tantos cristais
Ou seriam velhas fotografias amareladas?
Na cena (i)móvel de um espaço infinito
Deliro sem delírio algum frequentemente
Não sei se virei estrela ou se verme
Mas a eternidade está em meu bolso...
segunda-feira, 27 de junho de 2022
Alguns Poemetos Sem Nome N° 176
sábado, 25 de junho de 2022
Aos Vencedores As Baratas
Copos americanos mal lavados com a purinha
Moscas voando por todos os cantos
Tonteando com a fumaça de mata-ratos
Oriundos de maços agora amassados...
Passos cambaleantes pelo lixo discreto
Enquanto uma louca profere maldições
Tudo está bem porque mal está...
A velha televisão de tubo mente
Trazendo frivolidades que fazem chorar
Enquanto os políticos prometem loucuras
E a morte cumpre religiosamente seu papel
Me dá um pé de galinha aí? Esse não, aquele
Manda mais uma também e capricha
Vou no enterro do corno do meu vizinho
O cara morreu de enfarte fulminante
Um fodido, assinei até a lista dele...
O banheiro é mais um santuário
Onde o incenso é apenas amônia
Mas olhem que interessante!
Alguém cagou e fez hieróglifos com a merda
As pontas dos dedos escreveram nas paredes...
O chiclete mascado na boca da adolescente
Com os dentes repletos de cáries...
Todas as vitrines estão lotadas
São tristes manequins em sua imobilidade - nós...
Uma esmola para o cego sentado na esquina
Enquanto bombardeios acontecem no exterior
E promessas vãs são solenemente seladas...
Não temos lado algum que nos pertença
Os perdedores estão em todos eles
Todos os finais imprevisíveis são óbvios...
As baratas passeiam entre quase tudo
E o gato mais esperto ficará com elas...
Aos vencedores as baratas...
sexta-feira, 24 de junho de 2022
A Duração Mórbida do Tempo Que Ela Não Veio
Daily
Um tiro no escuro.
Como é alto o muro.
Simples expansão.
Subo depressa.
Minha promessa.
Quase desmaio de exaustão.
Não sobrou uma moeda.
Apenas a queda.
Acabei beijando o chão.
Meus sentimentos.
Morrem em tormentos.
Dentro do furacão.
Na madrugada.
Caí da escada.
Sem alguma salvação.
O meu traje é preto.
O ferreiro sem espeto.
Não há mais solução.
O time perdeu a partida.
É somente a vida.
Sem alguma encenação.
Sufoco imediato.
É tudo gato e rato.
Nesse mundo-cão.
Tudo parece festa.
Quase que presta.
Eis aí a explicação.
Fumaça de mil cigarros
Um carro, dois carros.
Todos na contramão.
Cheguei no porto.
Tava quase morto.
Não tenho ambição.
Um tiro no escuro.
Como é alto o muro.
Depois é escuridão...
quinta-feira, 23 de junho de 2022
Alguns Poemetos Sem Nome N° 175
Alguns Poemetos Sem Nome N° 174
Eis os menestréis,
alguns malditos,
outros benditos...
Suas canções,
umas tão lindas,
outras tão feias...
Eis o palco do mundo,
uns cheios de vida,
outros com a morte...
Eis-me aqui,
nada sei e nada tenho...
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Tantos gatos houveram, agora não tenho nenhum. Se a solidão fosse um gato, eu teria um deles, mas não é e nem será. Tudo parte sem deixar rastro, só suas marcas nos afligem e doem. Não adianta pedir retorno de coisa alguma. Tudo vai e nada volta. Um imenso carrossel talvez. Ou uma roda-gigante durante a noite num tempo quente. Assim é. Bombom pelo menos me dê um sinal...
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Noite cheia de sons
Os cães ainda ladram na vizinhança
Eu sinto o chão frio sob meus pés
O destino é um grande narcisista
E tudo se sucede como não deveria ser
(pelo menos para os tristes)
Eu sinto vários odores
Como se fosse um cão farejador
Tudo dói em minha volta
(estava escrito no script da peça...)...
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Dias velozes, isso sim
Em que as horas são levadas
Pelos minutos, formigas apressadas
Levando folhas mortas
Ou corpos também
Dias ferozes, isso sim
Em que vários monstros
Disputam entre si
Os vários sorrisos que engolem
Sem cerimônia alguma
Dias atrozes, com certeza
Dias da execução das fantasias,
Do assassinato dos sonhos,
De muitos e cruéis desamores
Que cavam suas próprias covas...
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Cenas todas
velozes ou quase paradas
Cenas tolas
feliz mediocridade
Cenas pobres
e na óbvia simplicidade triunfante
Cenas ricas
e vários detalhes para caírem podres
A minha felicidade é sem limites
mesmo quando está triste
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Perdi uma ideia
Fugiu-me como a mosca
Que não é capturada por mãos
Tudo acaba fugindo
A inspiração sobretudo
Sou muito distraído
Há muitas nuvens para serem olhadas
E momentos para serem contados
Esses raios de luz também são meus
Perdi uma ideia
Fugiu-me como mosca
Só os olhos capturam certas coisas...
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A vida... Um remédio amargo
que temos de engolir...
A morte... Um pequeno susto
que pode acontecer...
A paixão... O espinho que pegamos
e se fere - repetimos...
A alegria... Um pássaro bonito
que a porta ficou aberta...
A tristeza... Uma visita
que veio e acabou ficando...
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quarta-feira, 22 de junho de 2022
Alguns Poemetos Sem Nome N° 173
A estrada, a poética,
vento soprando estranhezas,
o que está na superfície,
ou nas profundezas,
nossas convicções,
nossas incertezas...
Todas as veredas
com suas visagens...
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Haviam uns olhos magros, haviam
que não diziam quase nada
(quando diziam...)
uns olhos sem cor, indefinidos,
esquecidos em alguma gaveta,
eram os meus de tanta saudade...
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Muitos ases sem nenhuma manga
E o nada tomando conta de mim
Lembranças fúteis são lembranças
E certas radicalidades não existem
Tudo acaba se transmutando
Até com as palavras isso acontece
Sem aviso algum, sem aviso algum...
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Porque teimei em dançar
Acabei encenando uma farsa
Não arrancou risos da plateia
A tristeza só faz risos de maldade
Porque tentei cantar
Realizei os piores ruídos possíveis
Era melhor ter permanecido
No mais calmo dos silêncios
Me traga sonhos bons poesia
Antes que cheguem os pesadelos
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Postes bêbados, isto sim
Acabo errando as letras
Por dentro da noite sem fim
Claro-escuro e muitos tons
O cinza sempre presente
Mesmo quando não está
Posto bêbado
Canções infinitas de desculpa...
Caí...
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Eu me curvo ante às ilusões
Como quem naufraga num copo d'água
Eu faço festas por motivo algum
E isso apenas por fazer
Perdi todos os meus encantos
Mas ainda continuo vivo...
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Bilhete premiado, sorte grande,
Muitos gritos insanos pelo espaço,
Somos o que somos
E acabamos perdendo tudo,
A rotina nos engole deliciosamente
Como um Tiranossaurus Rex...
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Os
Os marginais,
os cegos, os aleijados,
quem está demais,
por todos os lados...
Quem está à flor da pele, quem perdeu o que queria, o que não tem mais o que reclamar, quem já perdeu ou perderia, quem é choro, quem não tem fantasia, um prato vazio, mas quem diria...
Os descrentes,
os tolos, os condenados,
todos os ausentes,
todos os desacreditados...
Quem está na pobreza e quem duvida, quem perdeu a chance ou perdeu a vida, quem é só miséria ou é só ferida, quem não tem trabalho ou está na lida...
Os vacilantes,
os feridos, os estropiados,
são retirantes,
totalmente insaciados...
Quem escreve poemas, quem escreve bobagens, quem perdeu as chances, quem confundiu as imagens, quem está no meio ou está nas margens, quem sabe mentir ou contar vantagens...
Os saltimbancos,
os ilesos, os avariados,
os que são mancos,
os que não olham os lados...
Quem faz falcatruas, quem faz caridades, quem perdeu as botas, que se perdeu na cidade, que está sob a sombra, ou na claridade, quem é pela mentira, quem é pela verdade...
Os marginais,
os enganadores, os enganados,
quem está lá atrás,
quem delira nos carnavais...
quinta-feira, 16 de junho de 2022
Alguns Poemetos Sem Nome N° 172
Para no final do dia
Ter histórias pra contar...
Menestrel assim
Pelas terras que há...
Até quando? Não sei...
Mas um dia irei parar...
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E o menino gostou tanto dos céus
que decidiu ir embora
quanto mais alto - melhor
quanto mais longe - melhor ainda
Esperem amigos passarinhos!
Não quero solidão entre as nuvens...
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Não vejo - fiquei cego
Olhos? Já não os tenho mais
Meus olhos foram embora
Com os barcos que partiram no cais
Não vejo - fiquei cego
Olhos? Já não os tenho mais
Eles foram embora contigo
Motivo dos meus ais...
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Quero dar nomes novos
para algumas velhas coisas
Neologismos? Quase isso...
Começarei por renomear
velhas coisas cobertas
com a poeira da minha memória...
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o passado por aqui passou...
que sujeito mais estranho!...
nem cumprimenta ninguém...
dá passos diferentes
(ora rápido, ora lento)
feito um bicho ferido
ou um amante bêbado...
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Não possuo muita coisa
Só o tempo que existi
Cada segundo respirado me testemunha
Alegrias ou tristezas
Se alguém quiser
Fique com minhas lembranças
E faça bom uso delas...
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Tenho vários símbolos, vários deles,
Alguns na pele, muitos outros na alma
Tenho vários códigos, vários deles,
Uns para segredo, outros não
Deixe-me aqui no meu canto
Nunca ouvi algum rouxinol cantar...
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Nada Pode
Nem os vivos e nem os mortos em suas fogueiras
Nem as palavras mais sábias na boca dos avatares
Nem os brilhantes com o maior dos valores
Nem as torres mais altas de todos os castelos
Podem superar os nossos sonhos...
Nem a mágica que tira o coelho da cartola
Nem os trovões que pintam os céus de cinza
Nem a marcha dos soldados invadindo algum país
Nem o riso debochado de malvadas multidões
Podem rasgar nossa velha fantasia...
Nem a canção aziaga do velho corvo no galho
Nem a profecia mais preocupante do oráculo
Nem a fumaça tóxica das grandes chaminés
Nem o Caos dos carros no centro da metrópole
Podem matar nosso resistente coração...
Nem a faca com sua lâmina mais afiada
Nem a canção mais fúnebre que possa haver
Nem o desespero que possa invadir o cais
Nem a mortalha mais sinistra que nos cubra
Podem retirar um pedaço de nossa alegria...
Olhos da Morte
Olhos da morte, boca da vida
Eu até tive sorte, fechou-me a ferida
Foi apenas um corte, sobrou sobrevida
Corro nu pela rua
A culpa foi sua
Apenas um susto
Que teve seu custo
Olhos da morte, nariz da vida
Eu quis o meu norte, estrada comprida
Eu pensei que era forte, não vi a caída
Canto feito louco
O riso foi pouco
Apenas bobeira
Não foi a primeira
Olhos da morte, ouvidos da vida
Talvez não importe, minha despedida
E eu não suporte, a luta vencida
Falo tanta bobagem
Foi apenas visagem
Simples alucinação
Desse mundo-cão
Olhos da morte, boca da vida...
Pão com Mortadela & Outros Requintes
Bebo da minha fantasia até ficar inconsciente
Meu cartão de crédito me ofende ao máximo
Eu sou aquele que o tempo já faz tempo esqueceu
Estou numa velha gaveta que não é túmulo
Porque os túmulos pelo menos tem propósito
Mesmo que seja esquecimento e abandono
Eu sou o pedaço de pão mordido e jogado fora
A pergunta deixada de lado pelo seu absurdo
O brinquedo que veio defeituoso e jogaram no lixo
A folha que cumpriu seu papel e caiu no chão
A rua está deserta e silenciosa sem testemunha
Para meu suicídio sem morrer ao menos
Os que sofrem podem me entender um pouco mais
Por que deveria gritar no meio de nada?
Nem os pombos fogem quando me aproximo
Asfixia moderna essa que agora me aflige
Estou morrendo afogado fora da água
Aviões cegos e covardes agora erram o alvo
E os tolos passam suas lições de casa
Eis os ossos que não são mais os nossos
Acabou de acabar e foi bem no final
Não tem chorare ou outra marmelada
Agora os melhores são os piores
Vamos entrar nas míticas filas inexistentes
De um sabor agora inexistente e acabado
Assim como já teve tem para todos nós
A vida não sabe pentear meus cabelos
Mas a ternura salvou minha alma...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
terça-feira, 14 de junho de 2022
Isto É
Eu cambaleio...
O que houve, senhor?
Não houve nada...
Tropecei numa malvada pedra, fui direto ao chão, sinto o sangue em minha boca e meus joelhos arderem. Aonde estavam minhas asas quando tanto precisei delas? Poderia ter voado para bem longe...
Deixe-me ajudá-lo.
Não foi nada,
Apenas uma vertigem...
Um zumbido incômodo bloqueia os outros sons do ouvidos, parece que estou em um carrossel desgovernado. Milhares de rostos surgem na minha mente. O problema é que são dos que já foram embora...
Não quer ajuda?
Já disse que estou bem,
Isso logo passa...
Todas as cores transformaram-se num cinza totalmente pálido, não existe mais o azul que eu tanto gostava. Pedra por pedra os castelos dos meus sonhos vão caindo. Eram de areia e o mar chegou até eles e eu não sabia...
O senhor está pálido.
É impressão sua,
Isso passa logo...
Não sei se isso passará ou não, só sei que ainda estou vivo, apesar dos palpites em contrário. Viver ou não são coisas idênticas, vai tudo de acordo com a vontade do freguês. Os poetas, por exemplo, não conseguem morrer...
Então vou embora...
Pode ir, sou grato,
Vai com Deus...
Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...
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O caminho que vai dar no mar. Consequências de tudo o que pode acontecer. E lá estão barcos e velas incontáveis. E amores em cada porto ...
-
Não sabemos onde vamos parar Mas qualquer lugar é lugar Quantos pingos nos is temos que colocar Quantos amores temos que amar Quantos ...
-
Um sorriso no escuro Um riso na escuridão Um passado sem futuro Um presente em vão... Mesmo assim insistindo Como quem em a...