sexta-feira, 5 de abril de 2013

Bom Dia, Leitor!

Bom dia, leitor! 
Que me acessas do outro lado para ler as coisas deste bobo da corte, deste menestrel sem dama branca e que faltam cordas no alaúde, deste herói com batalhas e sem vitórias para comemorar. 
Que chegas como invasor anônimo de terras daqui e de lá, que permaneces calado em teu canto, talvez por rir de minha tristeza ou, quem sabe, respeitar uma dor tal qual a tua.
Que olha atentamente estes infantis rabiscos por pura pena, ou ainda, que devora alguma palavra como a esfinge em seu eterna pergunta.
Perdoa se o que tenho é tão pouco, se as rimas são sem a necessária graça, se os versos são fora de propósito, se os enredos são mais comuns do que se permitiria ser. É que a dor não escolhe as vestes que colocará e nem liga para modas. É que o choro não agenda horários e quando menos se espera estraga as festas. Nada é tanto como se poderia querer.
Eu já insisti algumas vezes, mas vozes daqui e de lá permanecem mudas. Não se acanhem. Palmas e vaias fazem parte de qualquer platéia. E é melhor ter qualquer platéia do que não ter nenhuma. O pano permanece levantado. E ainda muitas vezes escutarão a minha voz. 
A vida seguirá em frente e muitas vezes me ferirá como à todos os homens. Ainda assim, o pouco que resta de riso permanecerá no mesmo lugar. Não tenho medo da partida, elas acontecem todos os dias. Não tenho medo da morte, ela já aconteceu tantas vezes e tantas vezes mais acontecerá, muitas delas nem percebi e continuei andando.
Só fico triste por uma coisa. E se for vaidade minha, nem precisa perdoar. Os sete pecados capitais, ou sei lá, quantos houver, navegam no mar do nosso peito sem porto e nunca escaparemos disto. Fico triste pois, na verdade, não sou homem de minha época, sou de todas elas juntas e ao mesmo tempo. Acredito em revoluções quânticas e invocações em torno da velha fogueira. Em  revoluções da tecnologia e em reais histórias de assombrações. Acredito em tudo que veio e em tudo que virá. Mas a dúvida mora também em mim, como mora em todos aqueles que sonham. Por isso, gostaria que a palavra fosse mais além, e até agora isso não aconteceu.
Feia ou bonita, ela permanece encarcerada na tela, prisioneira da internet, escrava de bits, esperando que a energia atravesse os fios, até onde foi chamada. Até quando? Não sei...
Bom dia, leitor! Tenha bons sonhos...

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