A dança não tem passos marcados. Às vezes nem tem música. O par nem sempre existe.
E vamos vê-la, menina, sonhando sonhos intermináveis. Leves. Possíveis. Mas nunca realizados afinal. Porque tudo que te cobram será muito. E darás sem pena. E nada terás de volta. Promessas vãs.
E vamos vê-lo, menino, sonhando sonhos intermináveis. Previstos. Possíveis. Mas sempre abortados afinal. Não deu. Não teve tempo. E o pagamento por tudo isso não será devolvido. Nada é devolvido. Tudo passa. E nada terás de volta. Promessas vãs.
A dança dança por si
mesma. Não nos convida. Mas de forma irresistível vamos a ela. Mesmo quando não
nos quer. Do jeito que estamos. Ou não.
Ela é triste. E achamos
graça. Ela é alegre. E muito choramos. Vem de noite. Quando amanhecemos. Vem no
dia. Quando fechamos os olhos. É um finado em pleno carnaval. Ou um último
samba de despedida.
A dança não quer meu bem.
Nem quer teu mal. Não quer nada. E pega tudo. É um simples fogo que não se
apaga. Ou a novidade velha de sempre. Eu a vejo em qualquer canto. Sem face
alguma. E com todos os rostos. Linda. Feia. Sem que eu mesmo possa defini-la.
Eu quero dançá-la enquanto
posso. Também tu queres. Mesmo que não. E os que não querem. E os que partiram.
E os que dançaram. Na verdade. Ainda dançarão.
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