terça-feira, 17 de julho de 2012

Enfileirados


Um dia sonhamos. Um dia pensamos. Um dia pedimos. Mas os céus não possuem ouvidos. Ou fingem não ver. E com isto vamos nos fazendo diferentes sem ao menos ser.
Há sol. Mas nossa alma fica no escuro. Há ar. Mas o sufocamento visita nossas gargantas. E falamos frases comuns que em nada admiram.
Há pouco tempo. Mas até pouco tempo parece demais para quem tem medo e chora. Sim. Concordamos com tudo. Mas fazemos somente o oposto. Não. Há muita maldade espalhada por aí. Mas nós mesmos a fizemos. Há tanta cinza. Mas nós mesmos fizemos a fogueira. Mas não contemos o incêndio.
Estamos enfileirados. E de máscaras. Quem é quem? Estamos enfileirados. Com nossos uniformes ou fardas. Quem é quem? Em posição de sentido. Sem sentidos. Sem emoções. Ou emoções demais. Procurando a resposta perfeita. Para a pergunta que nunca foi feita. Sobre o rumo que nunca tomaremos. E o porto perfeito que nunca virá aos nossos olhos.
Um dia eu como todo mundo sonhei. E não simplificava coisas como hoje. Mas antes as enfeitava. E podia dizer da bondade que tive. Enquanto todos foram maus. Hoje é o inverso. E posso mostrar o demônio que sou. Porque ele não veio para terra sozinho. Mas os anjos o trouxeram até aqui. Vocês foram maus. Porque riram do menino. Vocês foram maus. Porque do alheio choro beberam. Vocês foram maus. Porque as cicatrizes que hoje tenho foram feitas por suas facas. Estas mesmas facas que hoje porto e aponto. Estas mesmas facas que procuram suas gargantas. Nas mãos de quem ri da sua desgraça do hoje.
Eu agora me vingo. Porque tudo que tira seus sonos é o que mais desprezo. E o que mais lhe preocupa nada me diz. A cada castelo seu que desmorona caio na risada. E desprezo cada conceito tolo que rege sua medíocre existência.
Vocês esperam a morte disfarçando. E eu sou ela que brinca em suas fileiras. Suas máscaras não possuem olhos. Mas eu vejo. Suas máscaras não possuem narinas. Mas eu respiro. Posso derrubá-los no chão um a um. E às vezes faço isso. Mas me deleita mais quando caem por si mesmos.
Eu os prezo sim. Mas do jeito que me ensinaram. Amando e odiando ao mesmo tempo. E os quero. Mas como o caçador quer sua presa. Eu os respeito. Mas como o ladrão que se esconde no escuro beco. E falo amenidades enquanto os amaldiçôo. E nunca os invejo. E isso é altamente prejudicial para as suas vidas. Para suas vidas não! Para o arremedo que um dia perderão até a próxima novela. Onde o drama mexicano talvez se repita.
 Mães de família. Ainda putas. Sempre putas. As putas que se comportaram. Pais de família. Os pequenos delinquentes que agora se comportam. E ambos perdem seu sono porque tudo se repete com os que vieram depois.
O sacrifício está pronto. A pedra de sacrifício brilha ao sol.  Espere cada um a sua vez...

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