segunda-feira, 16 de julho de 2012

Teoria da Bondade


A bondade fere mais do que cura. Depende de onde. De quando. E por que.
 Não falo da bondade que dá o pão. Dá a água. O abrigo. Ou o carinho. Esta na verdade não é bem bondade. É o cumprir na natural das coisas. Se o homem soubesse quão divino é. Os problemas do mundo se resolveriam por si só. Porque na verdade nada temos. Ou se temos, tudo que temos é que não pode ser carregado nos bolsos ou trancado em baús. 
É da outra bondade que eu falo. A bondade cuja origem é o mal. A bondade que cortou o sonho. Que calou o riso. Que nos colocou na cama. Antes que a festa acabasse. A bondade que nos quis moldar ao seu jeito – para o nosso bem. Esta não é bondade. É a maldade em seu mais alto grau. Como um veneno que se põe açúcar para se dizer agradável. 
Como a disciplina que só cria tolos. Como a ordem para a preservação. Do nada.
Vês aqueles muros, senhores? E aqueles castelos adiante também? Não se iludam. Podereis tocá-los. Podereis senti-los. Acariciá-los ou se ferirem com cada uma de suas pedras. Mas somente isto. Na verdade o que existe são seus olhos. E o tempo deles já passou antes mesmo que viessem...
Deixem que a nota destoe. Que o conjunto da obra seja diferente e soe mal ao que não quer. O mundo não foi feito de regras. Mas de exceções. Muitos santos queimaram nas fogueiras. Até hoje os tribunais desculpam-se de seus erros. E juram descaradamente boas intenções.

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