No meio do trânsito engarrafado
Escutando notícias tristes e normais
Xingando e xingado
Em letras garrafais
Normal e alienado
Como qualquer pessoa faz
Eu queria ser burguês
Um pesadelo em cada mês
Chegando em casa cansado
Meus pés não aguentam mais
Mal servido mal amado
Tanto fez e tanto faz
Não há certo ou errado
A novela nos satisfaz
Eu queria ser burguês
Só um amor de cada vez
Sentado à mesa calado
Em discursos tão normais
Com medo e assustado
Do que ficou pra trás
Quero dormir acordado
Os meus sonhos de Alcatraz
Eu queria ser burguês
Igual ao que a mídia fez
À noite num leito emprestado
Tentando gestos sensuais
O meu tesão acorrentado
Como todo mundo faz
E além um mar não navegado
O qual não existe cais
Eu queria ser burguês
E falar errado meu português
Na outra manhã acordado
As crianças e seus cereais
Depois meu carro importado
Pra rotina dos sociais
Ou talvez um retrato estampado
Acidente em todos jornais
Eu queria ser burguês
E ter pesadelo fim de mês...
Tentando gestos sensuais
O meu tesão acorrentado
Como todo mundo faz
E além um mar não navegado
O qual não existe cais
Eu queria ser burguês
E falar errado meu português
Na outra manhã acordado
As crianças e seus cereais
Depois meu carro importado
Pra rotina dos sociais
Ou talvez um retrato estampado
Acidente em todos jornais
Eu queria ser burguês
E ter pesadelo fim de mês...
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