segunda-feira, 16 de julho de 2012

Assim É...

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Assim é se te parece. Nada de novo há de nos redimir. Estou apenas esperando que as fronteiras caiam de vez. E a quinta vez logo venha. 
Enquanto isso. Hei de ser egoísta o bastante para chorar de mim. Ver meus sonhos espalhados pelas paredes. E nada mais.
 Há teias de aranha espalhadas por todos os cantos. E suas vítimas repousam num sono de mau jeito.
Olá. Como vai? Não apenas acene para mim como manda o protocolo. Nem sorria como manda a educação. Há mais coisas do que imagina. E essas coisas o perseguirão até que os tempos se consumam.
Eu sou o carrasco. E se faço tuas vontades é por pura estratégia. E se escondo meus desejos é por pura teimosia. 
Olhe como está esta rua. A maldizes em cada passo que dás. Quão tolo tu és! Ela conhece seus passos mais que tu mesmo. E sabe seus pensamentos mesmo que os ignore. Ela conta cada história que tua mente escondeu. E cada vergonha sem nome que compõem o teu calendário. É a ela que deves o teus dias. E na verdade. A dívida é tão alta que nunca poderás pagar.
 Ali vendiam balas. Mas mesmo que as vendam. Na verdade não venderam mais. Não é porque cansastes de comer o doce que só a boca sente e o destino não dá. Não. Não é isso. Outro é o motivo. É porque a morte ali veio como passeia em outros lugares.
 Deixa pra lá. Tudo é normal. A única coisa que conta é aquilo que não conhecemos. A única saída é atravessando paredes. Mesmo que isso signifique sangue em nossos olhos. Nenhum muro é mais sólido que a nossa vergonha. E maior inimigo não há que nosso ridículo.
 Conta teu tempo. E conta o meu. Na verdade não vivi um segundo a mais. Pelo contrário. Enquanto tento o meu menino pra que não envelheça. Levas o teu para a velhice que não tem mais volta. Conta teu tempo. E conta o meu. Na verdade não vivi um segundo a mais. As velhas coisas e as coisas novas são iguais. O encanto é mesmo. E isso basta. Quando olhar antigos brinquedos não veja o que eles são. Mas o riso que deram. E esse riso não muda nunca.
Não há nada mais sólido do que aquilo que desejamos. Coroas caíram de reais cabeças. E canhões enferrujaram. Os metais apodreceram sob o sol mudando de cor. E todo sangue derramado secou sobre a terra. Mas o que cada um de nós desejou em sonhos assim o permanecerá.
 Depois de conversar um minuto: até a próxima. Depois de conversar uma hora: até já. Mas e aí? Não. Não é isso que eu quero. Quero os americanos na Normandia. Ou as cigarras no calor. Tudo é fim. Tudo é meio. Só o começo desconhecemos por sua imprevisibilidade.
 Não. Não é isso que eu quero. Mesmo que seja para pedir desculpas pelo engano. Estava sem óculos. Era a mente que não andava boa. Era o calor e a luz que me confundiram. Foi o repente que fez a vaga num coração vazio. Mas se não for e não tentar: será a morte. Não essa morte que vem logo e nos leva. A morte aos poucos. Que é a pior. A morte que não nos muda de mundo. De país. De sei lá. A morte à prestação por não ter tentado o que talvez valesse à pena. Pior que essa – só a rotina.
 Assim é se te parece. Se o tempo é pouco ou muito. Se falta a estética. Ou o verso tem o pé quebrado. Se as pedras são muitas. Ou as noites mais compridas. Ou se os amigos te deixariam. É puro engano. Nada que perdemos foi verdadeiramente nosso um dia. Nada que ficou no caminho poderíamos levar se assim o desejássemos. Para o pote quebrou não há conserto. Cada coisa é cada coisa e nada mais.
Ontem mesmo sonhei com o auto. Era o mesmo. Mas não era. Daria para entender? Pois bem. Na poeira de vinte anos espelhava a mesma cor em outra diferente. E um caminho qualquer me esperava. Não mais aos meus olhos. Mas em mim mesmo. Assim como este. Outros ainda rodam eternamente. E cada um tem os seus.
 Até a próxima. Até já. Como sombra ainda tem espreito. Como em velhos filmes de terror. Até a hora que o sangue brote aos olhos do vampiro.

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