Antes que o vento
chegasse. Era eu. Meu pai juntava as folhas em grandes montes. Não muitos. Mas
grandes o suficiente para mim. E eu ia atrás. Após isso. O menino com a caixa
de fósforos nas mãos e pedaços de papel colocava fogo. Era um deleite ver o
fogo surgindo. E vê-lo aumentar e aumentar cada vez mais...
O que era o fogo? O fogo
era a coisa mais linda que podia haver neste mundo. Era perigoso. Porque podia
queimar e destruir. Mas o menino aprendeu isso desde muito cedo: coisas belas
podem ser e geralmente são perigosas. O fogo queimava. Os sonhos queimavam
muito mais. O fogo se extinguia. E os sonhos não...
Sim. Existia a morte. Mas
a morte deveria ser um sono eterno que seria sonhos aos bons e pesadelos aos
maus. Decerto seria isto. Porque mais não compreendia mesmo se quisesse
compreender.
Ainda hoje. Quando vê o
fogo. O menino lembra daqueles tempos. A casa já se foi. O pai descansa o sono
que agora se pensa diferente. E tanta coisa aconteceu. Algumas boas. E muitas
ruins. As nuvens definitivamente não são de fumaça. Mas assim mesmo parecem com
seu choro. Mas o fogo permanece. O mesmo fogo. Antes. Durante. E depois do
vento...
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