terça-feira, 17 de julho de 2012

Simples


Eu quero a simplicidade das manhãs que não pediram licença. Mas trouxeram o sol. Todo o sol. E nos alegraram com toda a sua força. Mesmo sabendo que logo morreriam. Eu serei como elas. E se tudo for breve. Mesmo assim foi. E se no melhor da festa. O coração falhar. A vista turvar. Ou coisa que valha. Terei meu momento de estar contente.
Quero também a clareza da água. Seja como for. Parada esperando que algum amor reflita nela. Ou correndo. Em direção ao mar. Para que seja eterna e sem fim. Assim serei eu um dia. Parte de um grande sono.
Ser o ar também é uma grande solução. Frio ou quente. Parado ou dançando. Tanto faz. O ar que invade os pulmões. Sopra as folhas. E faz as pipas guerrearem numa grande batalha azul.
Ser o verde. Que se cobre com a capa do orvalho. De uma grande treva que também se foi. Não somente o verde enfeitado. Mas o simples verde que cobre o chão. E nunca se mostrou.
E ser mais ainda. E ser principalmente. O sonho na tua mente. E a lágrima dos teus olhos. Talvez não esteja mais por aqui. Contando coisas engraçadas pra espantar tua tristeza. E grandes histórias pra te distrair. Lembra das que eu contei. Lembra que nunca te menti. Quando disse que a beleza pousou em teus ombros. E que a felicidade caminhava ao teu lado. E mais ainda. Lembra do que eu te prometi. Estarei contigo. Nem que para isso eu tivesse que subir do mais profundo abismo pra te proteger. Lembra que tens a vida ao teu alcance. Coisa que me foi negada. Lembra que foi a minha própria vida. Simples e negada.

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