Há um acordo tácito entre o céu e o inferno
De vasculharem manhãs para ver quem pode mais
Nada mais conforme do que manda a bula
Até as pedras querem ter sua vez para falarem
Os desditos populares acabam tal sós andarilhos
Uma epopeia é algo tão mais simples que pensamos
A morte dispensa bilhete de ida e até passagem
Apenas meia fatia de mortadela para pão dormido
Muitos sabem a resposta e não sabem a pergunta
São dois seios desiguais para a mesma musa comum
Um chuva cai agora lá fora por mero compromisso
Certos sinais sofrem de uma mais mórbida timidez
Fiz um pacto comigo mesmo e acabei sendo traído
Morangos silvestres necessitam de um sétimo selo
Enquanto quem está no topo não olha para baixo
Os gemidos da fome não acordam aos tão apáticos
Até os bons possuem aquele pedaço de falsidade
O olho da câmera nos observa com total atenção
Morrer no anonimato é o que mais acontece sempre
Meu exagero é o que pode haver de mais comedido
Hoje o que tenho para comer é meu silêncio total
A promessa do anteontem até agora não se cumpriu
O nada pode acontecer mesmo que não aconteça
A sabedoria é bem menos do que uma pizza brotinho...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário