Não era um piano,
Era um fole tocando razões inquestionáveis...
Respeito à parte,
Tudo que sobe, desce
E nisso encontramos razões
Para andar e mais nada...
Não era um pandeiro,
Era um triângulo que só seu metal já bastava...
Alegria à parte,
Seja noite ou seja dia,
Cada canção que existe
Acaba nos fazendo chorar...
Não era um blues,
Era a menina que agora não é mais não...
Luto à parte,
Na sombra ou na luz,
Minhas asas agora batem
O espaço acabou se perdendo...
Não era uma fome,
Era apenas a força do hábito de ser mais...
Deboche à parte,
Um orgasmo já me basta
Igual bomba que explode
Sem escolher uma hora mais certeira...
Não era um vinho,
Era aquela aguardente que nem um castigo...
Castigo à parte,
Um boteco na esquina da vida
Como um inferno para os mortais
Meu sono maldormido que foi anteontem...
Não era um batuque,
Era uma reza feita às pressas no desespero...
Amarelo à parte,
Todas as cores acabam confundidas
Na enorme miscelânea que chama mundo
E que afinal pouco ou nada não importa...
Não era um piano,
Era apenas mais um zumbido em meus ouvidos...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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