Estas esporas do cavalo que eu não tenho
Fazem que as marcas de suas patas marquem
O pó da estrada pela qual nunca eu andei
O sorriso no canto da boca que nunca tive
Lembram da festa que eu não fui convidado
E mesmo insistindo em ir acabou bem antes
Aquele beijo que dei em tua boca inexistente
Trazem as lembranças bem mais que bonitas
Que nunca foram escritas em caderno algum
O discurso que fiz com palavras silenciosas
Num domingo de sol quase que até meio quente
Acabou acarretando mais alguma possibilidade
A tempestade que chegou com todo o ímpeto
Do mesmo jeito que chegou acabou indo embora
Tudo tem seu final ainda que não possa conhecer
Como hoje está tão quente! - Já dizia o verme
Que por viver num solo bem mais úmido e frio
Não conhecia o calor da fogueira sem nela morrer
Estas esporas do cavalo que eu não tenho
São os versos que não foram lidos e não serão
Até que nada mais exista e seja o fim dos tempos...
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