Esquina do impossível
Quando o ouro era lixo
E o brilho valia alguma coisa
Centenas de gudes
No garrafão de vinho vazio
O barco vermelho
E o salva-vidas amarelo
Com o cavaleiro solitário
Sem soldados ou índios
Eis o trem em círculos
Numa eternidade de pilha
As varinhas-de-condão
E os trocados postos
Nas cuias dos pretos-velhos
Eu não gostava do meu corte
Mas de grandes maçãs
E biscoitos comprados no trem
Voltem logo sóis
Perdi mais tantas palavras
Que a saliva agora amarga
Os espadachins riram
E os heróis usam capas de toalha
Chapéu de papel nós temos
Barcos para povoar o oceano
E gaivotas para o céu todinho
A velha cadeira azul
O pequeno travesseiro e o grande
Os muitos beijos inexistentes
Muitos mistérios aparentes
O índio de muitas penas
E a machadinha de madeira
E eu nem ao menos sabia
Que tudo um dia acaba...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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