quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 213

Música que percorre céus e céus sem fim algum. Sem pretensão de um usual apocalipse em cores severas. Grande desfile de pequenos seres em suas mais pequenas rotinas. Tudo pode acontecer, principalmente, o que é inusitado. As formigas em sua cadência militar e as joaninhas com seus aéreos ataques de simpáticas cores. As cigarras e os grilos revezam-se em seus turnos orquestrais...


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Gostaria de ter falado bonito, cantado na nota certa, acertado o passo da dança - impossível. Gostaria de ter amado sem ter desamor, chegado antes do final da festa, ter colhido as cinzas do carnaval e guardá-las - improvável. Gostaria de ter rido bem mais, não ter contido minhas loucuras, evitado os espinhos das roseiras - isso faz parte de meu roteiro. Gostaria de ter tido mais empatia com quem sofria tanto quanto eu, ter falado mais com flores e nuvens, dado mais atenção aos cães que abanavam suas caudas quando passava tristemente - teria sido mais humano...


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Quase assim... Eu me desconhecendo todas as manhãs. Quem é este estranho do outro lado do espelho? Não sei... Talvez um visitante de estranhas terras que acabou de chegar... Ou algum perdido de alguma estrela vadia que acabou de apagar... Será algum pássaro que nasceu sem asas? Ou um demônio que perdeu seu itinerário? Ah, acabei de me lembrar. É mais um triste como tantos que andam por aí...


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Os ventos perderam suas direções, estão tontos. E agora esqueceram quais notícias trazem, se boas ou não. Pássaros de metal vão pelos céus e vez em quando ensaiam mergulhos para o nada. Por onde andarão as andorinhas, devem ter achado outros campanários para que as fumaças não as sufoque mais. Os malvados continuam em seu afã de construir lágrimas. Cada dia tem seus ventos.


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Quando fui levar o copo até na boca, parei no ar. Uma tristeza impediu-me de tal coisa. Onde estava eu? Estaria neste boteco sujo e solitário? Ou em alguma nuvem vagando por aí sem me dar conta disso? Talvez como um pássaro perdido que surpreendido por alguma tempestade malvada perdeu sua rota... Uma andorinha só sem verão algum... Talvez o álcool me desse alguma resposta absurda ou me fizesse mais perguntas desesperantes...


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Não quero dançar na chuva como muitos o quiseram, A noite já feriu-me demais. Não que o medo faça parte desta trama, é a tristeza mesmo. A tristeza que cai aos poucos como as gotas que agora caem. O sono ainda não chegou, droga! Gostaria de me deitar na velha cama e fechar meus olhos, suavemente até que um novo dia chegasse,,,


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Miro o mirante sem mira

Antes que o durante me fira...


Domingos são segundas não-chegadas

Nos meus bolsos tenho vários nadas

Eu danço, mesmo parado, eu danço

Na minha mobilidade, descanso...


Miro o mirante sem lira

Antes que o era antes prefira...


Dias são noites que chegarão mais cedo

O vidro já caiu e quebrou-se o medo

Eu danço, mesmo dormindo, eu danço

Como toda alma, sem ter descanso...


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