sábado, 24 de dezembro de 2022

Inípio

 

O cara trompou com outro

Os leitores de jornais são

Quero me distrair tempestades

Pelas nossas fiéis metades

É apenas extrema-unção


Felipe bateu de carro

A favela perdeu a dimensão

Cariocas são argentinos

Quantos velhos ainda meninos

É tudo apenas uma diversão


Comprei novo dicionário

Agora eu resolvo essa questão

O que você tem sob as vestes

São as curas ou são pestes

Não me sobrou nenhum tostão


Mastigo favas de anis

São boas para a digestão

Eu comemoro o meu enterro

Cada acerto é um novo erro

Vou com o carro na contramão


Começou a estação de caça

Sua bunda é sua perfeição

Qualquer cuspe me engasgo

Qualquer culpe me rasgo

Eu surto e caio no chão


Viva nossa musa já morta

Vamos sambar no caixão

Aos miseráveis a comida

Tudo um arremedo de vida

Brinco e pulseira e cordão


Estética mais filho-da-puta

Eu tenho meus calos na mão

Nunca fomos tão miseráveis

Pelos fatos mais notáveis

A serpente nos legou o não


Tudo é inípio.... Mesmo não sendo...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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Poesia Gráfica LXXXVI

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