O cara trompou com outro
Os leitores de jornais são
Quero me distrair tempestades
Pelas nossas fiéis metades
É apenas extrema-unção
Felipe bateu de carro
A favela perdeu a dimensão
Cariocas são argentinos
Quantos velhos ainda meninos
É tudo apenas uma diversão
Comprei novo dicionário
Agora eu resolvo essa questão
O que você tem sob as vestes
São as curas ou são pestes
Não me sobrou nenhum tostão
Mastigo favas de anis
São boas para a digestão
Eu comemoro o meu enterro
Cada acerto é um novo erro
Vou com o carro na contramão
Começou a estação de caça
Sua bunda é sua perfeição
Qualquer cuspe me engasgo
Qualquer culpe me rasgo
Eu surto e caio no chão
Viva nossa musa já morta
Vamos sambar no caixão
Aos miseráveis a comida
Tudo um arremedo de vida
Brinco e pulseira e cordão
Estética mais filho-da-puta
Eu tenho meus calos na mão
Nunca fomos tão miseráveis
Pelos fatos mais notáveis
A serpente nos legou o não
Tudo é inípio.... Mesmo não sendo...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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