Aonde andam alegrias dominicais?
Deixe-as em surpresas dos sábados
Para nunca mais buscá-las...
Palavras é o que tenho, palavras
Silêncio é o que tenho, silêncio
Arranjo todos os meus gestos em quadros
E minha parede é apenas um cemitério
Posso engolir letras vez em quando?
O ambulante passa gritando na rua
Em meio às casas sonolentas e apáticas...
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Os contos de fada apagaram-se
(ou acabaram?)
As fadas hoje se exibem pelas redes
e pedem um pix
por sua nudez vulgarizada...
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Gostaria de rasgar meus poemas
Picar cada papel de um a um
Não posso...
Escondem-se nas nuvens da net
E debocharão da minha cara
Se assim tentar fazer...
Eu sou um poeta do meu tempo
Coberto de sérias tolices
E recheado de mediocridade...
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Réu confesso,
nada te peço,
talvez uns últimos tragos,
foi grande este estrago,
que a vida deu em mim,
talvez começo, talvez fim...
Menino travesso,
eu não me esqueço,
daqueles dias repetidos,
mas que foram assim vividos,
que a vida fez em mim,
talvez começo, talvez fim...
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A pintura dos cegos...
O discurso dos mudos...
Os loucos começam sua pantomina...
Onde estarão as chaves?
Quero sair dessa cela prontamente
Carona nas nuvens necessário é...
Quero engolir o mar qualquer dia
Perdi o sono dormindo...
A pintura dos cegos...
O discurso dos mudos...
Os loucos terminaram sua pantomina...
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Num mar sem águas
Quase morro afogado
Num deserto de lágrimas
Fiz caretas para o espelho
Me perdi na multidão de um só
O meu desespero ficou desesperado
As minhas piruetas falharam
Caí lá de cima da corda bamba
Mortais, isto se chama vida?
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Choverá? Uma hora dessas...
A greve geral de sonhos
Está marcada para nunca mais...
Franca teimosia.
Se quero estrelas, estalo os dedos!
A mortalha não serviu-me,
Seu número era menor...
Vou bater na lata até cansar
E farei carnaval eu mesmo...!
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