quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 217

Toda antigo é novo, todo novo é antigo. A lei do vice-versa é implacável. Não há escapatória. A novidade enfartou na hora de seu solene discurso, na frente das câmeras, ao vivo e em cadeia nacional. Por isso existe a sabedoria dos pombos que passeiam pelas praças catando migalhas e os velhos com suas intermináveis partidas...


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Luas e estrelas num fundo azul. Sons indecifráveis - algum movimento. Eis o que há para um agora sempre aflito. Todas as aflições quase possíveis. Uma saliva presente em algum beijo de possibilidade. Vultos indecifráveis. Vivos? Não há resposta para tal pergunta. Quimera está de folga hoje e aproveitou para arrumar a casa. O fim é apenas o fim. E a câmera é desligada para mais uma banalidade...


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Um desenho qualquer sobre a pele. Alguns fios de sol também. Manhã como quase todas as outras. Quem viver, será. Gladiadores no seu afã de queimar fogueiras em seus pulmões. Pensar pode ser apenas um martírio. Cada um é um universo. Com detalhes feitos com todo capricho possível. Nunca se sabe o que está na próxima curva. O ambulante apregoa seus milagres. E filosofa besteiras como quaisquer outros...


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A lua que eu não vi, mandou-me recados. Mandou me avisar que na próxima noite, ao surgir, misteriosa como sempre e redonda, pedirá meus mais sonoros uivos qual lobo solitário. Me pedirá também, se possível for, alguns versos improvisados, desde que sem desespero algum. Me mandará algum orvalho para que eu possa substituir minhas lágrimas por ele, o que será muito bom. A lua que eu não vi, mandou que o sol tomasse conta de mim...


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Não há mais musas de sorrisos simpáticos. Os violões acham-se quebrados e sem cordas. As fogueiras apagaram-se de uma vez. As borboletas foram encantar outros jardins. Não há mais colibris e nem sequer bem-te-vis que sirvam para algum consolo. Eu não choro porque quero fazer feia qualquer cor, choro porque elas ficaram feias antes meus olhos. Eu não me entristeço porque eu gosto de morbidez, foi a alegria que foi embora sem dar sequer um adeus...


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Mais caros que os preços dos supermercados, o que nos cobram para estarmos aqui. Num mundo sem sabor, recheado de maldades. Todos passam virando o rosto para o outro lado. A empatia agora é uma grave doença, a piedade a primeira tolice na lista de erros. Todos agora perdem tempo tentando evitar sua perda. Todos possuem medo da morte, mas correm para poder abraçá-la. Não percebem que as lápides são todas cegas e os epitáfios são mudos? Esqueceram da ternura, algo que mais nos aproxima dos anjos. Enquanto só o amor é dono da imortalidade...


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É noite. Meu filho já foi dormir. O amanhã será maçante e ingrato quando for cedo para o trabalho. Sentando em frente ao computador ouço alguns ruídos. Não ruídos comuns que a noite lá fora traz. Algum bacurau deve estar fazendo seu lúgubre canto no meio do mato que ainda sobrevive por aqui. De vez em quando algum carro deve passar trazendo seu condutor para descansar de um dia cheio. Deve ser ruído de algum dos meus mortos, querendo lembrar que ainda levo dentro de mim a eternidade de todos os meus dias vividos...


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