sábado, 17 de dezembro de 2022

Caos de Vidro

 

Letra faltando

Que falte

Invento o que quero

Palavras e ruídos

Nomes feios

Tão bonitos

Falta vento

E algodões-doces

Tirados da boca

Eu o sei

Sou um mestre

Elefantes indeterminados

Escorpiões mansos

A bala na boca

Do canhão ou do bebê

Sangrando sangrado

Falta tudo

Até o nada

Aí complica

Se explica

Bolas de gude

Foram engolidas

Pelo meu passado

Lojas fechadas

E maniqueísmo barato

Restos de comida

Santa xota

Ereções voluntárias

Nada é

Quando muito

Sobraram ossos

Todo amanhã

Será um dia

Entorte as tortas

Cabelos grandes

Em pequenos discursos

Linda e a Fanta uva

Ninguém dá nada desgraça

Só pombos são azuis

E esperanças indolores

Esqueça isso

Bezerros de ouro

Estão na exposição

Arrependa-se quem puder

Cavei minha cova

Espertamente

Durante um festival

Cada cabeça numa travessa

Pedras flutuantes

Toneladas em gramas

Firmes firmas

No pescoço de sacerdotes

A elite do quem

Bonecas de cabelos quadrados

E alguma burguesia

A torta de maçã está pronta

Só falta jogá-la fora...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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