Nem lembro
Nem quero lembrar
Quantas vezes caí
Quantas vezes menti
Para eu mesmo enganar
Nem lembro
Nem quero lembrar
Quantas vezes amei
Quantas vezes me entreguei
Para o amor me matar...
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Ela andava
Como só voam os pássaros
As borboletas
E outros pequenos bichos
Providos de asas...
Ela flutuava
Que nem nuvens grandes
Em muitos céus
Conhecendo todos lugares
Até os de mim...
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Um pedaço de mim criou outras pernas
E saiu correndo
Era quase madrugada quando aconteceu
Mas ninguém escutou
Um pedaço de mim de repente ficou veloz
E quase não senti falta
Na verdade só senti quando meu rio de sangue
Acabou parando de vez
Era o meu pobre coração...
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A parede suja
Parece que estou parado
Eu nada entendo
Ou entendi errado
Nada estou vendo
Estou encegado
Ou saio correndo
Ou olho pro lado
Estava bebendo?
Fiquei embriagado...
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Cárcere privado
Privação dos sentidos -
eis o que temos de mais moderno!...
Sensações estranhas
Sentimentos manipulados -
eis o que há para prato do dia!...
Falsa alegria
Máscaras mais bonitas -
eis o que há de farsa por aí!...
A ciranda já se acabou
E isso já faz muito tempo!...
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Foi o choro que eu engoli ontem
Acaba voltando do meu estômago
E em segundos cairá pelo chão...
Foi a escuridão que eu escureci mais ainda
Que trouxe muitos pesadelos novos
Capazes de gelar qualquer sangue...
Eu sinto a dor mais profunda possível
Como aquele velho poço abandonado
Que um dia brinquei jogando pedrinhas...
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Cuidado com as alegrias gratuitas
(Falo isso por experiência própria e bem amarga)
Todo açúcar em demasia quando vai embora
Não nos digna a dar nem sequer adeus
Não irá em cenas bonitas ou feias
Não importa se cavalga nuvens claras ou escuras
Todo o cinza de nosso luto tem o mesmo tom...
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