Sento num banco de praça e vejo tudo ao meu redor. Isso aqui parece com o mundo. Cantos bonitos e outros feios. A alegria das crianças que aproveitam o sol de hoje e a tristeza do mendigo que tenta não pensar em mais nada. Escolha o seu personagem. Flores nos canteiros e restos de lixo de passadas noites. Passarinhos em galhos e gatos se lambendo. Escolha seu papel. Sento num banco da praça e sou apenas mais um velho, descansando de muitos dias já idos...
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Talvez a menina bonita tivesse pena de mim. E me desse um sorriso pra guardar. Um sorriso de uma fração de segundos, mas um sorriso ou um quase-sorriso se fosse pedir muito. Eu o guardaria bem aqui dentro de mim. Serviria para aplacar algumas tempestades malvadas que acontecem. Quando chegassem gritando nomes feios eu diria: - Alto lá! Não me atinja com sua mortalha cinza! Aqui tem o sorriso que a menina bonita me deu...
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Nativivo
Natimorto
O que presta?
Quase nada vale
Alguns sonhos que escapam
Pesadelos se tornam...
Redivivo
Redimorto
O que resta?
Quase nada existe
Alguns pássaros escapam
Buscam outros céus...
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Não pensar... Pra que?
A vida é apenas um emaranhado de arames,
Todos eles farpados, todos eles ferindo...
Aos vencedores as batatas,
Mesmo se elas estiverem estragadas...
Pegue a senha, espere a sua vez...
Converse coisas sem nexo pra se distrair,
Reclame daquilo que você bate palmas
Ou pelo menos do que deixa acontecer...
A selva está toda suja
Limpar dá muito trabalho...
Não pensar... Pra que?
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Sangue demais, quase uma hemorragia. Não tenho mãos e nem pés, só me resta o dia. Sangue na mão, sangue no chão, sangue em qualquer lugar. Vermelho, verde, transparente, opaco, da cor que se enxergar. Chances jogadas fora, chances por esperar. O que chegará agora, o que nunca vai chegar. Moda, alternativa, tradição. O que dá vida, o que mata, o que fere sem compaixão. O ouro e a prata. O que faz renascer e o que mata. A ilusão mais barata. Me deem logo trinta pratas, está acabada a questão...
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Não conte pra ele...
Não conte pra ela...
Que a vida é um disfarce
Apenas uma novela...
Não conte pra ele...
Não conte pra ela...
Que a cidade é apenas
Mais uma grande favela...
Não conte pra ele...
Não conte pra ela...
Que o sol sempre invade
Minha pobre janela...
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Tudo posso em meus sonhos
(e quase nada fora deles,,,)
Vamos purificar o ar das manhãs?
Que as malvadas fumaças vão embora...
Vamos alentar o desamado que ama?
Que os olhos da manda procurem os seus...
Vamos acompanhar os passarinhos?
Acabei de comprar um par de asas novo...
Que dia será hoje?
Mais um pouco e o carnaval chega...
Tudo posso em meus sonhos
(e quase nada fora deles...),,,
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