sexta-feira, 22 de abril de 2022

Só Em Sonhos


Pedra, guitarra, rosa, poeira

Desconexidades em minha mente vadia

Os cigarros que terminam de queimar sozinhos

Os chãos que estremecem sem bombas

Um mendigo estende a mão para as moedas

E os uniformes dos alunos estão impecáveis


Canções, berros, hippies, clowns

Acabei de acender mais uma fogueira

E as folhas cantam num coral impecável

Meu sono não se incomoda como era antes

Quando os passos de minha mãe madrugavam

No afã de fazer o primeiro dos cafés da jornada


Cabelos, desenhos, espelhos, cristais

Cada dia tem seus segredos e suas exposições

Como a nudez que nos imprime marcas sutis

Estamos andando num carro veloz na contramão

E as sedas que colocaram acabaram rasgando

Com tantas tabelas que temos que cumprir


Flechas, lampiões, serões, estátuas

Quando nossa garganta acaba secando

E alguém acaba fazendo frases mais geniais

As novidades vão invadindo a mídia local

E alguns rituais acabam surgindo do nada

Para que a tolice possa cumprir o seu papel


Afagos, desnorteios, esperas, espinhos

Em baús de papel guardamos eternas recordações

Choveu muito ontem e agora o chão já secou

Signos cabalísticos procuram os seus galhos

Enquanto os loucos dançam ciranda na praça

Nada é mais compreensível do que é ilógico


Acrobatas, façanhas, enigmas, correntezas

Toda transformação acaba doendo um pouco

Tenho muitas dúvidas para cada uma certeza

Os colares no pescoço dela brilham estrelamente

E o vidro que caiu e quebrou me traça mapas

Espero que a minha embriaguez passe logo


Eu faço mais milagres antes de acordar...

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