Estrelas sem tradução alguma
Agora sim, me fazem chorar, vez em quando
Meu amor tomou outros rumos
E eu não vi quando isso aconteceu
Jovens poetas, chorem bem menos,
A realidade acaba caçoando sempre
E só o riso pode assustá-la
Um verde quase sincero paira agora
O colar que ela usa não fui eu que dei,
Eu só posso lhe dar alguns sonhos malvestidos
Enquanto o anil falta aos seus belos olhos
Tudo é apenas um jogo de damas
E as guerras só servem para machucar paredes
Vencedores e perdedores - todos morremos
Minhas figuras de linguagem são tão pobres!
Algumas quanto eu, outras até bem mais
Olhei atento aos mendigos pelas calçadas
Mas não consegui dormir feito cão vadio
Minhas esperanças ainda me incomodam
Eu sou apenas mais um pobre insone
Que pensa estar dormindo, mas não está
Acendo uma vela duvidando de minha fé,
Meu comodismo barato é execrável
Talvez porque cada um é burguês ao seu modo
Ando tranquilo lendo dezenas de epitáfios
E não terei nunca surpresa alguma
Se em algum deles estiver meu nome
Meu Quixote agora procura moinhos
Mesmo sabendo não poder encontrá-los
Em nenhum dos mercados desta cidade
E nem poderei achar o que nem sei o que é
Falta-me um ponto de referência
Para viver como uma reles equação
Cujo final será sempre - o número zero
A espanhola vinda do subúrbio carioca
Abana seu leque obrigatoriamente vermelho
Eu nem presto atenção na sua maquiagem pesada
Custara algumas moedas seu beijo morno?
Não sei, me recuso a resolver certos enigmas
A vida é uma peça mal ensaiada e inacabada
Onde tenho que me exibir mostrando a bunda...
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