segunda-feira, 4 de abril de 2022

Exibicionismo


Estrelas sem tradução alguma

Agora sim, me fazem chorar, vez em quando

Meu amor tomou outros rumos

E eu não vi quando isso aconteceu

Jovens poetas, chorem bem menos,

A realidade acaba caçoando sempre

E só o riso pode assustá-la 


Um verde quase sincero paira agora

O colar que ela usa não fui eu que dei,

Eu só posso lhe dar alguns sonhos malvestidos

Enquanto o anil falta aos seus belos olhos

Tudo é apenas um jogo de damas

E as guerras só servem para machucar paredes

Vencedores e perdedores - todos morremos


Minhas figuras de linguagem são tão pobres!

Algumas quanto eu, outras até bem mais

Olhei atento aos mendigos pelas calçadas

Mas não consegui dormir feito cão vadio

Minhas esperanças ainda me incomodam

Eu sou apenas mais um pobre insone

Que pensa estar dormindo, mas não está


Acendo uma vela duvidando de minha fé,

Meu comodismo barato é execrável

Talvez porque cada um é burguês ao seu modo

Ando tranquilo lendo dezenas de epitáfios

E não terei nunca surpresa alguma

Se em algum deles estiver meu nome


Meu Quixote agora procura moinhos

Mesmo sabendo não poder encontrá-los

Em nenhum dos mercados desta cidade

E nem poderei achar o que nem sei o que é

Falta-me um ponto de referência

Para viver como uma reles equação

Cujo final será sempre - o número zero


A espanhola vinda do subúrbio carioca

Abana seu leque obrigatoriamente vermelho

Eu nem presto atenção na sua maquiagem pesada

Custara algumas moedas seu beijo morno?

Não sei, me recuso a resolver certos enigmas

A vida é uma peça mal ensaiada e inacabada

Onde tenho que me exibir mostrando a bunda...

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