quarta-feira, 27 de abril de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 163

 O que te acompanha 

O que te persegue

Tudo fora do programa

Estranho ao corpo

Invenções frágeis

Que acabarão

E serão mais poeira

Do que nossas lembranças

Sem lápides

Sem certidões

E te perseguem mesmo assim...


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A temporada de caça começou...

Todos os sonhos serão alvejados

E seus corpos jazerão no chão...

Todas as fantasias serão rasgadas

E irão diretamente para o lixo...

Todos os sorrisos transformados

Em rios de lágrimas...

Todas as falas emudecerão

Pelo poder que tudo aniquilar...

Todos os dias irão embora

Porque a noite chegou...

A temporada de caça começou...

Todos os dias do ano...


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Eis aí...

Todo meu desespero em pedaços

Tal qual um vidro em caído no chão

Que tento pegar com mãos nuas

Que me fere constantemente...

Eis aí...

Todo meu medo vindo em bandos

São fantasmas saídos do nada

De uma escuridão que eu mesmo fiz

Fechando meus olhos dentro da noite...

Eis aí...


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Repito todos os temas, sim

Falo quase as mesmas palavras, também

Todas as coisas acabam repetindo

Porque toda dor e toda tristeza é insistente

Todos os dias são desiguais

Mas acabam com uma semelhança cruel

Toda minha solidão é teimosa

As dores acabam nunca passando

De que mais eu falaria senão isso?


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Qualquer dia desses me esqueço:

que as pernas não ajudam mais,

que não sinto os pés como antes,

que estou preso entre quatro paredes,

que meu quarto acabou virando o mundo,

que falta sei lá quanto tempo para o fim da farsa

(pois é, a vida é somente isso...),

que não tenho outro lugar para onde ir,

que meu desespero é risível e vão...

Qualquer dia desses me esqueço...


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Tempo que não acontece

Ou aconteceu e não acontece mais,

Tudo não é, apenas parece,

Tudo parte e não volta atrás...


Mentiras feitas de ilusões

Pois nem os versos nos imortalizam,

Eles morrem como os verões,

Repeti-los? Eis o que precisam...


Tempo que não acontece

Ou aconteceu e não acontece mais,

Ninguém escutou minha prece,

Ninguém me deu de volta meus quintais...


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Dançar,

cantar,

fumar mais um mata-ratos, 

beber um copo de vinho

ou uma dose de cana,

rir sem motivo algum,

não disfarçar para o mundo

que é apenas um tolo,

um grande tolo

que aceitou sua pobre e deplorável

natureza humana

enquanto espera que a morte venha

e leve mais um filho-da-puta...


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